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21 / set / 2020
Mestrado em Sociedade, Ambiente e Território comemora cinco anos no norte de Minas

O professor Clélio Campolina ministrou aula magna sobre desigualdade social, geopolítica e sustentabilidade 

Os docentes do curso estiveram reunidos em aula magna com o professor Clélio Campolina. Imagem: reprodução.

Nesta segunda-feira, dia 21 de setembro, o Instituto de Ciências Agrárias da UFMG comemora os cinco anos de criação do mestrado em Sociedade, Ambiente e Território. O mestrado, oferecido em associação pela UFMG e a Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), destaca-se pelo perfil interdisciplinar e pela formação abrangente, com esforço de inserção social.

O professor no programa e também vice-diretor do ICA, Helder dos Anjos Augusto, ressaltou o importante papel que cumpre o mestrado e o campus regional da UFMG na região do norte de Minas. “O curso está devolvendo à região do norte e nordeste de Minas, em especial,  capital humano bem qualificado, subsídios para os gestores regionais na elaboração de políticas públicas e o fortalecimento das duas instituições associadas para a oferta do mestrado”, comentou Helder.

Durante a abertura do evento, o coordenador do programa de mestrado, professor Fausto Makishi, destacou a importância da construção conjunta desta iniciativa pelas duas universidades e destacou o forte capital humano e social envolvido neste projeto.  “Muitos obstáculos foram superados, mas acreditamos que a sinergia dos ganhos proporcionados por essa parceria tem muito potencial de impacto para a região e para a geração de conhecimento. É apenas o começo e muitos outros desafios estão postos à nossa trajetória, que espero ser longa e virtuosa”, comentou durante seu discurso.

Clóvis Ultramari, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), também comentou sobre os ganhos da parceria entre as instituições para fortalecimento das pesquisas e da identidade do programa. “Trabalhar interinstitucionalmente é desejável, mas é um grande desafio, esses esforços não são fáceis, requerem esforço adicional para além daquele que já existe em qualquer programa de pós-graduação. Com cinco anos, o curso já possui certa autonomia e um acervo epistemológico, é um grande ganho”, comentou durante o evento.

Na mesa de abertura da solenidade comemorativa, estiveram presentes o professor Fausto Makishi, o professor Daniel Coelho de Oliveira, coordenador adjunto, Paulo Sérgio Lacerda Brandão, da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), Clóvis Ultramari, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), André Luiz Sena da Unimontes, e o professor Helder dos Anjos Augusto.

Desigualdade, geopolítica e sustentabilidade

Em evento online, Clélio Campolina Diniz, professor emérito da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG, ministrou aula magna sobre a desigualdade social, geopolítica e sustentabilidade.

Campolina apresentou o histórico das desigualdades sociais no país e suas relações territoriais e com o ambiente. Analisando as raízes históricas da desigualdade e da acumulação de riquezas e perpassando os principais movimentos teóricos que analisaram a organização social e modelos de produção em diferentes regiões do globo.

O professor comentou sobre o cenário desde a chegada do capitalismo e a organização de uma sociedade desigual por meio da articulação das três dimensões: propriedade privada, família e estado, crítica proposta por Friedrich Engels.

“Com a criação do trabalho assalariado, as desigualdades mudam de forma. As desigualdades entre pessoas passam a ser também as desigualdades entre regiões e entre países. Isso foi evoluindo no tempo entre categorias e classes sociais, entre as colônias e as metrópoles, áreas dominadas e seus dominadores, até chegar ao conceito de desenvolvimento e subdesenvolvimento, uma representação da desigualdade num debate mais amplo”, analisou Campolina.

Ao fim de sua apresentação, o professor também discutiu a importância do estímulo às universidades públicas e à produção de conhecimento científico nacional e sua contribuição para a transformação social. “No Brasil, a produção do conhecimento está fundamentalmente vinculada às Universidades públicas federais, estaduais ou comunitárias. E sem elas, o conhecimento não avança. Os cientistas brasileiros são respeitados no exterior, mesmo sem a mesma escala e volume de recursos, nem a mesma estabilidade que os cientistas têm no exterior”, destacou Campolina.

O curso

Ao longo dos cinco anos, as ações do mestrado basearam-se em três pilares: a captação de demandas sociais, a busca por soluções que respondam a essas demandas e a formação de pessoas para contribuição ao desenvolvimento regional. Cerca de 80 estudantes ingressaram no curso entre 2015 e 2019, com 65% deste montante de estudantes mulheres e 34,9% de homens.

A inserção do curso no norte de Minas Gerais aponta a importância da abrangência do ensino e pesquisa na região. Cerca de 37% dos estudantes que ingressaram no curso são naturais de Montes Claros, onde está localizado o campus, e cerca de 20% são de outros municípios do norte de Minas Gerais.

mestrado propõe a análise crítica das dinâmicas sociais, ambientais e espaciais e suas relações com o desenvolvimento, as populações locais, os conhecimentos tradicionais, as identidades, entre outros. A partir desta premissa, o curso dialoga com diferentes grupos sociais e realidades, como descreve a professora do curso Flávia Galizoni. “O curso colabora com organizações estatais e da sociedade civil que lidam com populações de periferia urbana, povos e comunidades tradicionais, mediação social e desenvolvimento territorial”.

O evento completo estará disponível no canal do youtube do mestrado.