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07 / ago / 2023
Resultados preliminares de experimento sobre cultivo de trigo são apresentados em dia de campo na UFMG

Evento reuniu acadêmicos, professores e profissionais de ciências agrárias no campus Montes Claros

1º Dia de Campo sobre o Trigo Forrageiro movimentou o campus
Foto: Ana Cláudia Mendes I UFMG

Uma nova opção de cultivo pode surgir para produtores do Norte de Minas. É o que aponta preliminarmente um experimento realizado pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – EPAMIG – no campus da Universidade Federal de Minas Gerais em Montes Claros. Numa área de 2,5 hectares, dentro da fazenda experimental da Universidade, foram semeados 21 tipos de cereais de inverno: 19 trigos e 2 triticales, um cereal híbrido resultado da hibridação de duas espécies distintas, o trigo e o centeio. O trabalho, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), busca coletar dados sobre o desempenho e adaptabilidade das cultivares de trigo para a região do Norte do estado.
No dia de campo realizado na manhã desta segunda-feira, dia sete de agosto, foram apresentados os primeiros resultados do experimento. O evento começou no auditório da Universidade com uma breve explicação sobre os trabalhos realizados no campus desde o dia nove de maio, quando foi feito o plantio das cultivares. “Alguns trabalhos da EPAMIG já mostraram as melhores épocas de plantio no cerrado. A gente tentou, neste primeiro trabalho, focar exatamente neste ponto. No Triângulo mineiro, o plantio é realizado nos meses de abril e maio. A gente montou este ensaio testando estes dois meses de semeadura porque o trigo precisa de temperaturas mais amenas. Comprovamos que é possível produzir trigo no Norte de Minas”, explicou o professor Carlos Juliano Brant, um dos responsáveis pelo experimento na UFMG.

O professor Carlos Juliano Brant é um dos responsáveis pelo experimento na UFMG em Montes Claros
Foto: Ana Cláudia Mendes I UFMG

O docente falou ainda sobre a inserção do trigo no sistema de rotação de culturas. “O sorgo, nestes meses, tem problema de esterilidade de grãos de pólen, a produção é baixa. O milho, seria uma alternativa, mas temos o problema da cigarrinha. Sucessão de culturas, rotação de culturas então são uma alternativa”, conta.

Cultivo de trigo no semiárido

Os resultados preliminares sobre o cultivo de trigo são positivos
Foto: Ana Cláudia Mendes I UFMG

Devido às condições climáticas da região, o experimento será realizado com irrigação. O trigo tem surgido como uma cultura promissora em várias regiões de Minas Gerais, graças à resistência ao calor e ao déficit hídrico apresentada por algumas cultivares. Outro benefício desse cereal é que ele pode ser utilizado tanto para produção de grãos quanto para alimentação de animais, oferecendo diferentes alternativas de renda para produtores rurais. Os organizadores destacaram durante o dia de campo, que o objetivo, não é substituir o sorgo ou o milho, mas adicionar o trigo como estratégia para enfrentamento às mudanças climáticas e para sequestro de carbono, uma vez que o cereal fixa mais carbono do que emite durante o seu ciclo produtivo.

Alternativa de forragem

Os participantes conheceram todas as etapas que envolvem o cultivo do trigo
Foto: Ana Cláudia Mendes I UFMG

O grupo de mais de 186 participantes foi dividido entre as cinco estações montadas na área de plantio da fazenda experimental da UFMG. Uma espécie se destacou como uma opção para alimentação animal: o trigo brilhante. “O trigo bilhante pode ser usado para colocar o animal para pastejar, é possível produzir feno e silagem. É uma cultivar com foco no forrageiro, adaptada ao semiárido. A principal vantagem dessa espécie é a quantidade de grãos. Além disso, as folhas e o caule dela são mais digestíveis”, afirma o professor Thiago Braz, que também participou do experimento.

O trigo brilhante se apresentou como uma excelente alternativa de forrageira
Foto: Ana Cláudia Mendes I UFMG

O professor Mário Henrique Mourthé destacou a baixa incidência de pragas nas plantas. “Não tivemos problemas com pulgões ou cigarrinhas na plantação, somente algumas plantas daninhas. O que coloca o trigo como uma boa opção para rotação de culturas e controle de pragas”.
O pesquisador da EPAMIG, Maurício Coelho, falou sobre o manejo e tratos culturais do trigo brilhante para silagem. A empresa de pesquisa agropecuária tem mais de 30 anos de experiência com o cereal. “O trigo é uma cultura de entressafra, ele quebra ciclos de multiplicação de pragas e doenças. A maior parte das lavouras do cereal não precisa de aplicação de inseticida ou fungicida. Além disso, ele tem a capacidade de reduzir o potencial de multiplicação de plantas daninhas. E isso reflete diretamente no custo de implantação da lavoura de verão, já que se após a colheita do trigo não há planta daninha, o produtor vai somente plantar em cima da palhada”, detalha Coelho.
A nova possibilidade de cultivo para o Norte de Minas deixou os participantes otimistas. Estudante do décimo período de Agronomia, Marcelo Mota acompanhou as etapas do experimento e vê como positiva a experiência. “Esse experimento mostrou uma alternativa de baixo custo para o Norte de Minas, tanto para produção de grãos quanto para alimentação animal. É uma boa alternativa para a entressafra. O dia de campo vem complementando essa experiência com mais informações acerca da planta”, diz.
“É uma alternativa que vem para somar às outras forrageiras cultivadas no Norte de Minas. É interessante a gente aprofundar o assunto. É uma forrageira que se produz em curto espaço de tempo, no inverno, o que aponta ser uma ótima alternativa para esta estação na região”, analisa o representante da Associação de Engenheiros Agrônomos do Norte de Minas, Luiz Aroldo Oliveira.

(Ana Cláudia Mendes I Cedecom UFMG Montes Claros)