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21 / jun / 2018
Programa promove o acolhimento e inclusão no campus

A iniciativa conta com três projetos voltados para a inclusão de pessoas com necessidades especiais e alunos estrangeiros que ingressam na universidade

Com o objetivo de acolher e possibilitar o convívio de pessoas com necessidades especiais e também estrangeiros na universidade, o Instituto de Ciências Agrárias, campus da UFMG em Montes Claros, iniciou este ano o Pro-ICA: Programa de Inclusão, Convívio e Acolhimento. O programa reúne três iniciativas que promovem a acolhida dessas pessoas desde a intenção de ingresso à universidade até a sua permanência no campus. É desenvolvido com o envolvimento de professores, técnico-administrativos e alunos bolsistas e voluntários.

A proposta surgiu a partir do projeto “Somos todos diferentes – Inclusão Social e acessibilidade no campus Montes Claros”, realizado desde 2016 e vinculado ao Núcleo de Acessibilidade e Inclusão da UFMG. “Nosso objetivo, no Projeto Somos Todos diferentes, é promover a inclusão da pessoa portadora de alguma deficiência. Esperamos transformar a vida do acadêmico, de forma que ele se sinta confortável e acolhido e tenha melhor aproveitamento do estudo. Nos empenhamos para que eles tenham os seus direitos garantidos na universidade”, explicou a professora do ICA e coordenadora do Programa, Claudia Regina Vieira.

No projeto, o atendimento é particular, de acordo com a demanda do aluno. A equipe intercede para melhoria da mobilidade ou para o acompanhamento individual em sala de aula, quando há a necessidade. “O que fazemos é ver a demanda do aluno, estudar essa demanda, ver de que forma é possível que ele se sinta mais incluído. Conversamos com os professores deste aluno, quando é necessária uma atenção especial a ele”, reforçou a professora. O projeto também prevê a realização de oficinas na Associação de Pais e Amigos de Excepcionais (APAE).

Sony Franthiesco Caldeira tem 28 anos, cursa o 3º período de Administração no ICA e também é estagiário do Setor de Infraestrutura da universidade. Sony é cadeirante e, desde o seu ingresso na universidade, o campus passou por algumas adaptações a fim de facilitar sua mobilidade pelo espaço. “É aquela sensação de poder me deslocar sem depender dos outros, uma sensação de liberdade, de que eu mesmo posso fazer o que preciso. Com as cotas para deficientes físicos, acredito que cada vez mais vai ter demanda para isso. O quanto antes a instituição puder se adequar para este público, é melhor para a UFMG e para o estudante que vai ser atendido ”, disse.

Sony Franthiesco e a reitora Sandra Goulart durante a inauguração da plataforma elevatória. Foto: Amanda Lelis/UFMG

O diretor da unidade acadêmica, professor Leonardo David Tuffi Santos, ressalta que a universidade tem se preparado ao longo dos anos pra atender de forma completa e ampla à comunidade.  “Este é o primeiro ano que a gente recebe alunos das cotas para deficientes físicos, o que é um desafio. A universidade vem se preparando para acolher estes alunos, não só em relação à infraestrutura, mas também na questão pedagógica e didática com ferramentas que permitam que estes alunos consigam cursar na plenitude as disciplinas e conteúdos previstos na matriz curricular de cada curso”, reforçou o diretor.

Em março deste ano, a reitora Sandra Regina Goulart Almeida esteve no campus para a inauguração de duas plataformas elevatórias, adaptações implantadas no fim de 2017 para melhorar a acessibilidade no campus. As plataformas foram instaladas em dois prédios, um deles é o bloco C, onde estão localizadas salas de aula, laboratórios, gabinetes de professores e o auditório de eventos da instituição; e outro foi o prédio da Fundação Universitária Mendes Pimentel (Fump), que gerencia a assistência estudantil na UFMG.

Educar para a diferença

 

O projeto promove oficinas sobre inclusão e acessibilidade. Foto: Amanda Lelis/UFMG

Com o andamento da iniciativa, apareceram novas demandas na universidade e o que era um projeto pontual se transformou num Programa para contemplar novas questões. Os estudantes com necessidades especiais, matriculados no Ensino Médio da rede pública do município, conhecem o campus regional da UFMG e se sentem aptos para ingressar na universidade? “Temos essa questão: algumas vezes, o aluno com deficiência acha que não é capaz de entrar para a universidade. Então, precisamos atuar na base e mostrar para esse aluno de Ensino Médio que ele tem essa oportunidade, que tem espaço para ele”, disse Claudia.

Thays Carolyne Ramos Nascimento, é uma das estudantes bolsistas no projeto. Thays cursa o 7° período de Engenharia de Alimentos e participa do projeto desde 2016. “O projeto me permite enxergar cada pessoa e cada necessidade especial como única, assim podendo traçar a melhor estratégia para melhor auxiliar as demandas existentes na universidade e as que futuramente aparecerem, é uma experiência muito gratificante ver o desenvolvimento dos alunos com os quais tenho contato”, comentou.

O Projeto Educar para a Diferença, que também faz parte do programa, busca fazer um levantamento com as escolas públicas de Montes Claros, identificar o perfil dos estudantes com necessidades especiais, e trazê-los para conhecerem o campus e as oportunidades da universidade.

Outra demanda do campus que passou a ser atendida com o programa foi a oferta de aulas de português para estrangeiros. Por meio do projeto, os alunos, professores e visitantes estrangeiros do ICA passam a contar com aulas de português para melhoria do convívio e de sua adaptação no país, assim como do seu desempenho nas aulas.

Infraestrutura

Foi realizada a instalação de piso tátil em diferentes áreas do campus. Foto: Rodnon Bezerra

No primeiro semestre letivo de 2018 foram realizadas obras de infraestrutura para melhoria da acessibilidade no campus do ICA. As calçadas estão sendo reformadas para adequação à norma brasileira de acessibilidade (NBR 9050).

O engenheiro civil e coordenador do Setor de Infraestrutura do ICA, João Victor Gonçalves Oliveira, explica que o campus foi implementado em uma edificação antiga, que apresentava falhas que dificultavam a mobilidade natural pelo ambiente. “A largura das vias foi aumentada, os passeios estão com melhor acessibilidade e inclinações mais acessíveis, complementando com a instalação do piso tátil. Inicialmente, estamos focando na área central do campus onde há maior veiculação de pessoas, para depois avançarmos para as áreas mais periféricas”, contou João. A estimativa é que as obras estejam concluídas até novembro deste ano.

Também foram adaptados os banheiros do Centro de Pesquisas em Ciências Agrárias (CPCA) e dos Blocos C, D e B. Outra obra já finalizada foi a calçada de acesso aos Laboratórios Especiais. Inaugurados em 2016, os oito prédios que contemplam os laboratórios para os cursos de Engenharia Florestal e Engenharia Agrícola e Ambiental ainda não possuíam calçadas de acesso. De acordo com João Victor, a próxima etapa será o melhoramento da estrada que leva a esta parte do campus.