UFMG | Campos Montes Claros
Home » Notícias » Pelo caminho dos Gerais: projeto propõe estratégias de conservação e restauração de áreas degradadas de parque estadual
25 / ago / 2020
Pelo caminho dos Gerais: projeto propõe estratégias de conservação e restauração de áreas degradadas de parque estadual

No norte de Minas Gerais, o parque resguarda nascentes e tem relevância para a conservação de espécies da Caatinga e do Cerrado

Parque Estadual Caminho dos Gerais. Foto: Maria Auxiliadora Pereira/UFMG

A implantação do eucalipto no norte de Minas Gerais nas décadas de 1960 e 1980, realizadas sem o manejo correto do solo, trouxe grandes danos ambientais para áreas de Caatinga e Cerrado. Dentre eles, o ressecamento de áreas de nascentes d’água foi um dos motivos que levou à criação, em 2007, do Parque Estadual Caminho dos Gerais, localizado na região. Um projeto, iniciado no mês de março, propõe a implantação de estratégias de conservação, restauração e manejo em áreas degradadas do parque.

Uma das professoras da UFMG que compõe a equipe do projeto, Maria Auxiliadora Pereira Figueiredo, explica que o parque tem grande relevância para a conservação da biodiversidade, contribuindo para a preservação de espécies dos dois biomas. Além da proteção de fauna e flora locais, o principal intuito da criação do parque, localizado na região do semiárido mineiro, era também proteger os recursos hídricos locais.

“A criação do parque foi resposta a um anseio da comunidade local, que após anos de convivência com extensas plantações de eucalipto sentiu a necessidade de recuperar a área. A fim de melhorar, principalmente, a produção de água para as comunidades à jusante, visto que se tratavam de plantios antigos”, comentou a professora. De acordo com Maria Auxiliadora, a falta de planejamento ambiental adequado, resultou no assoreamento de cursos d’água, levando a prejuízos na qualidade e quantidade da água na região.

O projeto, nomeado “Sendas”, foi aprovado em chamada do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO) e será executado durante três anos em parceria pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF), A Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) e o Instituto de Ciências Agrárias da UFMG. Participam professores e estudantes do curso de Engenharia Florestal da UFMG e dos cursos de Biologia, Geografia, Agronomia e Desenvolvimento Social da Unimontes.

A equipe é composta por 16 professores das duas Universidades, além de envolver também estudantes da graduação, em atividades de ensino, pesquisa e extensão. De acordo com a professora da UFMG, serão realizadas atividades com as comunidades do entorno do parque, com o compartilhamento de metodologias de restauração de área degradada, além de monitoramento da flora, fauna e solo por meio de pesquisas científicas. Também estão previstas obras para a contenção de voçorocas e a construção de barragens para acúmulo de água da chuva.

De acordo com Maria Auxiliadora, a restauração pretende trazer as áreas à condição ambiental mais próxima à original. Desde março, parte do projeto já é realizada. Mas, em função das restrições sanitárias e legais impostas pela pandemia de covid-19, as atividades de campo serão intensificadas após o controle do período pandêmico.  “Esta pandemia esclarece, ainda mais, a importância da água para a manutenção da higiene e produção de alimentos. É de extrema importância que sejam realizadas intervenções que possam recuperar a vegetação nativa e melhorar as condições para produção de água nos ambientes”, reforçou a professora.

Também compõem a equipe do projeto pelo ICA, as professoras Letícia Renata de Carvalho, Nilza de Lima Pereira Sales e Rúbia Santos Fonseca.

O Parque

Unidade de Conservação de Proteção Integral, o parque transpassa os municípios de Espinosa, Gameleiras, Mamonas e Monte Azul. Possui cerca de 56 mil hectares e seus cursos d´água formam afluente do rio Verde Grande que deságua no rio São Francisco.

O projeto propõe atuar em na restauração de vegetação em 75 hectares no bioma Caatinga, além de também ter abrangência em mata ciliar, ou seja, cobertura vegetal nativa, às margens de cursos d’água.