É importante destacar que, para concorrer a uma vaga na modalidade de cotas, o aluno precisa necessariamente ter cursado o ensino médio integralmente em escola pública. Pela lei de cotas, metade do total das vagas da instituição deve ser destinada a esse público. Desses 50%, metade é reservada para aqueles que têm renda familiar per capita igual ou inferior a um salário mínimo e meio, e a outra metade, para os que têm renda acima desse valor. Nos dois casos, as cotas levam em conta ainda o percentual mínimo de pretos, pardos, indígenas e pessoas com deficiência no estado onde a instituição de ensino está sediada.
Cai ingresso por segunda opção
A análise feita pela Prograd mostra também uma redução relevante na porcentagem de estudantes que ingressam na UFMG via segunda opção no Sisu. Em 2018, 46,05% dos candidatos aprovados na primeira lista de chamada escolheram o curso como segunda opção, já no ano de 2019 esse índice caiu para 25,87%. Essa diminuição foi provocada por uma mudança na regra de chamada do Sisu.
Até o ano passado, o candidato poderia ingressar no curso de segunda opção na primeira chamada e permanecer na lista de espera do curso indicado como primeira escolha. Ou seja, dependendo da pontuação, esse mesmo estudante poderia ser selecionado posteriormente para a graduação da primeira opção e desistir do curso de segunda opção, ainda que já estivesse matriculado. Isso levava muitos candidatos a ingressar na universidade via segunda opção de curso e, eventualmente, desistir formalmente desse curso. Mas, neste ano, o concorrente que ingressou em uma das opções escolhidas não pôde participar da lista de espera.
“Em alguns cursos, como Odontologia, essa mudança foi ainda mais acentuada. Em 2018, quase 70% dos candidatos ingressaram nessa graduação via segunda opção. Já em 2019 foram menos de 29%”, destaca Bruno Teixeira. Ele afirma ainda que esses dados são relevantes na medida em que dão retorno à sociedade sobre os impactos das mudanças feitas no Edital do Sisu a partir da primeira edição de 2019, já que elas acabam afetando a forma como o candidato se inscreve para o Sisu.
Em 2019, a UFMG ofertou 6.339 vagas no Sisu e registrou 102.158 candidatos inscritos ou 137.806 inscrições, considerando que cada candidato pode fazer até duas inscrições no Sisu. Já no Vestibular de Habilidades foram ofertadas 331 vagas e registradas 925 inscrições. A média nos dois processos seletivos foi de 20,87 candidatos por vaga. Os cursos mais concorridos foram Biomedicina (61,48), Fisioterapia (56,44), Administração noturno, no campus Pampulha (53,68), Educação Física Bacharelado noturno (53,23) e Psicologia (51,42).
Efeito Sisu
Dos candidatos aprovados na primeira chamada do SiSU ou no Vestibular de Habilidades no ano de 2019, 79% são residentes em Minas Gerais. Em 2013, antes da adoção do Sisu pela UFMG, 93% dos candidatos residiam no estado. O estado que teve o maior número de aprovados no Sisu 2019 foi São Paulo, com 12,28% dos aprovados. Uma curiosidade: o curso com o maior percentual de aprovados residentes em outros estados foi Engenharia de Alimentos: foram 58,97%.
A análise feita pela Prograd mostra ainda que a mobilidade dos estudantes é maior ou menor conforme a modalidade de ingresso dos estudantes. Entre aqueles que ingressaram por modalidades de cotas que abrangem critérios raciais, isto é, candidatos autodeclarados pretos, pardos ou indígenas, o percentual de residentes em Minas Gerais é maior: cerca de 90%. A modalidade que contempla candidatos que, independentemente da renda, tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas e a modalidade de ampla concorrência têm o menor percentual: cerca de 70%.
“Observamos que é mais fácil um candidato de ampla concorrência vir de outros estados do que um candidato de uma modalidade de cotas que tem condição de renda envolvida. Para esses candidatos, a condição de mobilidade é mais difícil. É por isso que a assistência estudantil ofertada pela UFMG desempenha um papel muito importante na permanência desses candidatos. Atualmente, cerca de um terço dos estudantes da Universidade se beneficiam de alguma política da Fump”, avalia Bruno Teixeira. Um exemplo é o programa de Moradia Estudantil, que provê habitação para alunos não residentes em Belo Horizonte e Montes Claros.
O assunto foi pauta do programa Outra estação, da Rádio UFMG Educativa, ouça pelo site.