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12 / ago / 2022
Viveiro de Mudas do ICA reúne atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão

Conheça a história e alguns dos trabalhos desenvolvidos no local

O viveiro do ICA foi criado em 2010 e produz mudas de plantas exóticas e nativas do cerrado. (Foto: Ana Cláudia Mendes/UFMG)

Um espaço onde ensino, pesquisa e extensão se encontram. Criado em 2010, o viveiro de mudas do Instituto de Ciências Agrárias da UFMG tem se destacado pelas atividades desenvolvidas por estudantes de graduação, pós-graduação, docentes e outros profissionais interessados na área. O professor Paulo Sérgio Nascimento Lopes é o coordenador do local, que tem gestão financeira feita pela Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa da UFMG – Fundep. “Este é um viveiro antigo do ICA, era associado ao IEF (Instituto Estadual de Florestas). Com o tempo, nós fomos estruturando este viveiro, buscando recursos junto a projetos de extensão, junto a projetos de pesquisa. Em 2010, nós conseguimos registrar o viveiro junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Então, seguimos uma legislação própria para produção de uma muda de qualidade. A gente hoje consegue ofertar para a sociedade uma muda dentro dos padrões exigidos pela legislação”, explica o docente.

O professor Paulo Sérgio Nascimento Lopes é o coordenador do viveiro de mudas do ICA. (Foto: Ana Cláudia Mendes/UFMG)

Egressa do curso de Engenharia Florestal do ICA, Maria Fernanda Leal Lacerda foi estagiária do viveiro e acompanhou de perto todos estes padrões exigidos na produção de mudas. “Como estagiária estive ligada a todo o processo de produção. Eu pude vivenciar toda a prática das disciplinas da universidade. Pude aplicar aqui todo o conhecimento adquirido em sala de aula”, conta a engenheira florestal.

Egressa do curso de Engenharia Florestal do ICA, Maria Fernanda Lacerda é hoje gerente de produção do viveiro do ICA. (Foto: Ana Cláudia Mendes/UFMG)

Hoje, ela trabalha no viveiro como gerente de produção de mudas. “Eu me formei em abril do ano passado e fui contratada na mesma época. Desde então, eu tenho lidado com toda esta parte de produção e administração do viveiro. Este trabalho tem sido muito importante para mim enquanto profissional de Ciências Agrárias”, conta.

Ensino

O espaço do viveiro é utilizado para realização de aulas de disciplinas de cursos do ICA. (Foto: Ana Cláudia Mendes/UFMG)

Como espaço de ensino, o viveiro serve como base para muitas das disciplinas ministradas nos cursos oferecidos pelo ICA. No local, os acadêmicos têm a oportunidade de conhecer um processo produtivo bem próximo ao processo produtivo de uma empresa. Além disso, muitos dos estudantes que atuam no viveiro estão vinculados ao Grupo de Estudos em Espécies Frutíferas Exóticas Nativas – GEFEN. O grupo foi criado em 2005 e tem o objetivo de promover o conhecimento na área de Fruticultura, envolvendo os alunos da graduação, pós-graduação, docentes, profissionais da área e demais interessados. O grupo realiza atividades de ensino, pesquisa e extensão, voltadas principalmente às frutíferas nativas do cerrado. Os estudantes do GEFEN são monitores das disciplinas ministradas e desenvolvem seus trabalhos de conclusão do curso no espaço do viveiro, o que contribui para a formação dos acadêmicos.

Pesquisa

No viveiro, acadêmicos de graduação e pós-graduação desenvolvem pesquisas sobre o processo de produção de mudas. (Foto: Ana Cláudia Mendes/UFMG)

No viveiro também são realizadas atividades de iniciação científica, mestrado e doutorado. “Vários projetos de pesquisa são desenvolvidos no viveiro. A partir destes projetos de pesquisa, muitos resultados são aplicados no próprio viveiro. Um exemplo é o pequizeiro, que tem toda uma tecnologia de produção de muda a partir dos projetos de pesquisa. E isso pode ser aplicado no nosso processo de produção da muda de pequizeiro”, conta o coordenador do viveiro.

O pequizeiro é o objeto de pesquisa do doutorando em Produção Vegetal do ICA, Felipe Gadelha Sales. Ele analisa em quais as condições uma muda produzida em viveiro tem maior chance de sobrevivência e crescimento em campo. “O objetivo é determinar um padrão de qualidade de mudas que vão ter um estabelecimento superior em campo. A gente está avaliando três ambientes de produção. Posteriormente, essas mudas vão ser levadas a campo e vão ser avaliadas por mais dois anos”, diz o doutorando.

Doutorando em Produção Vegetal, Felipe Sales estuda as condições ideais para sobrevivência de mudas de pequizeiro em campo. (Foto: Ana Cláudia Mendes/UFMG)

A alta incidência de doenças em pequizeiros nativos e consequente morte das plantas é motivo de preocupação entre agricultores, ambientalistas, extrativistas e outros povos que têm o pequi como fonte de renda. Neste cenário, a pesquisa desenvolvida no Instituto de Ciências Agrárias vem como uma esperança para o meio ambiente. “A partir dos resultados desta pesquisa, nós teremos quais variáveis se correlacionam mais com as condições adversas do campo. A gente pretende aprofundar o tema para facilitar tanto o manejo da espécie como incrementar a restauração de áreas degradadas, isso é um avanço muito importante para o meio ambiente”, explica Felipe Sales.

A pesquisa com o pequizeiro é apenas uma das que são desenvolvidas no viveiro. De acordo com o coordenador, as demandas vão surgindo no decorrer do processo produtivo e são incluídas no roll de atividades, no formato de trabalho de conclusão de curso, iniciação científica, dissertações e teses.

Extensão

Desde 2010, o viveiro é registrado como projeto de extensão no sistema de extensão da UFMG (SIEX). O espaço é aberto à visitação para o público em geral, porém recebe principalmente, agricultores rurais e urbanos, estudantes de ensino fundamental, médio, técnico (agropecuária) e superior.

Oficina realizada com agricultores no viveiro do ICA. (Foto: Acervo do Viveiro de Mudas do ICA)

Os acadêmicos envolvidos no projeto que estão associados ao GEFEN passam por várias etapas das atividades de ensino e pesquisa descritas acima, além de acompanhar o processo de produção de mudas e interagir com a sociedade em diversas ações de extensão. Os estudantes recebem e discutem técnicas de produção e práticas de manejo de mudas e plantas frutíferas com os visitantes do viveiro, organizam e ministram oficinas, seminários e cursos, bem como participam de feiras, exposições e eventos (dia nacional da ciência, festa nacional do pequi, exposição agropecuária de Montes Claros, seminários técnicos-científicos, etc) para divulgação das ações de pesquisa e extensão desenvolvidas no viveiro. As ações extensionistas são tanto dentro do viveiro quanto nas comunidades rurais, em praças públicas, parque de exposições, escolas públicas e particulares, etc. Segundo o coordenador do projeto, este momento, com o público externo à universidade, é muito rico, pois aí que se dá a construção do conhecimento e retroalimenta todo processo, trazendo novas temáticas para nossas pesquisas e ações de extensão universitária. Ele complementa ainda, é uma situação única para os acadêmicos, uma vez que estes aprendem na prática a fazer extensão, colocando-os com um diferencial enorme quando formados, independente da área de sua atuação profissional.

Fábio Henrique Patêz Andrade é acadêmico de Agronomia. Para ele, a experiência no viveiro tem sido de grande importância. “Eu comecei com os projetos de pesquisa, então já comecei aprendendo como montar um experimento, como desenvolver um projeto de iniciação científica. E isso tem me ajudado na elaboração do projeto de conclusão de curso. Além disso tive a oportunidade de participar de diversas ações extensionista, tanto como organizador quanto palestrante, em cursos, oficinas e stands em eventos para divulgação das nossas atividades. Foi uma excelente chance de interagir com a sociedade, conhecer as suas demandas e discutir as práticas e técnicas na produção de mudas e na fruticultura”, conta.

Acadêmico de Agronomia, Fábio Patêz Andrade afirma que, no viveiro, solidificou o conhecimento adquirido em sala de aula. (Foto: Ana Cláudia Mendes/UFMG)

Com a atuação no viveiro, o acadêmico já decidiu em que área deve atuar depois de formado. “Tudo o que a gente aprende na teoria, a gente vive na prática aqui no viveiro. A experiência que se tem aqui, nos prepara para o mercado. Tem quatro anos que atuo aqui, é algo que posso comprovar para empresas. Posso seguir carreira em viveiros ou fruticultura, duas áreas que gosto muito”, diz Fábio Andrade.

No local, são produzidas tanto mudas de plantas consideradas exóticas quanto de plantas nativas. O espaço fornece cultivares para pessoas físicas, associações de agricultores e também empresas.

O viveiro fornece cultivares para pessoas físicas, associações de agricultores e também empresas. (Foto: Ana Cláudia Mendes/UFMG)

“O viveiro fornece mudas, principalmente, para cooperativas e agricultores familiares que desejam fazer o plantio de espécies nativas, como o pequizeiro, coquinho azedo, buriti, macaúba, mangaba e plantas exóticas, como manga, banana, laranja, etc. Há demanda por plantas nativas também por empresas que têm passivo ambiental e precisam atender a condicionantes”, explica o professor Paulo Sérgio.

O viveiro de mudas do Instituto de Ciências Agrárias funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 17h. Interessados em adquirir mudas podem entrar em contato pelo whatsapp: (38) 99102 3263.

(Ana Cláudia Mendes/UFMG)