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12 / set / 2018
Setembro amarelo: bem-estar na contemporaneidade é tema de discussões em seminário

Realizado no campus da UFMG em Montes Claros, o seminário é parte da programação da campanha de prevenção ao suicídio

Nesta quarta-feira, dia 12 de setembro, a comunidade acadêmica se reuniu em torno do tema da prevenção ao suicídio. Para promover um espaço de discussão, escuta e reflexão, o Instituto de Ciências Agrárias (ICA), campus da UFMG em Montes Claros, realizou o Seminário Setembro Amarelo com palestra e conversatório que contaram com a participação de especialistas. O evento aconteceu durante toda a manhã no auditório da universidade.

Durante o evento, o vice-diretor do ICA, professor Helder dos Anjos Augusto, destacou os esforços da universidade em propor espaços de discussão em promoção da saúde mental. “Em 2013, a Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou o Plano de Ação sobre Saúde Mental. Temos um papel importante, principalmente no ambiente universitário, que é um espaço de interação, ensino e aprendizado. É importante que se crie este ambiente de reflexão”, comentou Helder. O Plano, citado pelo professor, propôs metas de ação entre 2013 e 2020 para a promoção e prevenção em saúde mental. “A inquietação nos incentiva a buscar informações. Setembro é o tempo da vida, da reflexão”, enfatizou.

Helder dos Anjos: “É importante que se crie ambientes de reflexão”. Foto: Amanda Lelis/UFMG

A professora Rosângela Silveira, do Departamento de Saúde Mental e Saúde Coletiva da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), ministrou a palestra “Ainda é possível pensar em bem-estar?”. Na apresentação, a professora discutiu o contexto social e político da atualidade e sua influência sobre o bem-estar individual. “Como viver bem no mundo atual, onde predomina a desesperança, onde convivemos com espaço de segregação, totalitarismo, descrença no poder público? Não podemos fazer discussões localizadas apenas no plano individual, precisamos pensar nessa questão mais social e política para depois pensar nas subjetividades”, argumentou durante sua exposição.

A partir de uma avaliação crítica, com base na literatura deste campo de estudo, a professora trouxe reflexões sobre o mal-estar contemporâneo, sugerindo caminhos para o apoio e atendimento daqueles que se encontram em sofrimento mental. “As resoluções devem ser pensadas nas singularidades de cada um e sua relação com o contexto em que vive. Não há perguntas exatas, nem soluções infalíveis”, alertou Rosângela.

A professora defende que o melhor caminho para a prevenção é por meio da acolhida na escuta e que, individualmente, é necessário criar novos significados para a vida, com uma reflexão sobre a experiência humana que se desloque de uma “vida ideal” – impulsionada pela sociedade do consumo e por uma cultura que privilegia a imagem e alta performance – para uma “vida possível”, dentro da realidade e contexto do indivíduo. Rosângela comentou também sobre a importância da conversa qualificada, realizada por profissionais capacitados. “A felicidade é um conceito que precisa ser revisto por nós. O convite é de nos pôr a interrogar o sentido da experiência. A gente pode inventar modos de vida em que a gente tenha uma existência com significantes dignos. Há possibilidades de construir novos modos de existência”, comentou.

Rosângela Silveira: As resoluções devem ser pensadas nas singularidades. Foto: Amanda Lelis/UFMG

O próximo evento da campanha Setembro Amarelo do ICA será no dia 19 de setembro, a partir das 8h, no auditório do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas (prédio 1) na Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). O evento será realizado em parceria com a Unimontes e representa um esforço das instituições de Ensino Superior em ampliar o debate no âmbito universitário.

Conversatório

Após a palestra, foi realizado conversatório, com o tema: “viver é a melhor opção sempre”, mediado pela psiquiatra Gislene Alves, da Associação Brasileira de Psiquiatria, e o psicólogo residente em Saúde da Família, Thiago Sampaio.

Durante a discussão, a comunidade participou com a exposição de dúvidas e reflexões, que eram comentados pelos especialistas. “O suicídio é um ato humano carregado de simbologias, qual motivação está por trás desse sentimento de desistência da vida? Precisamos ficar atentos aos sinais: autoestima baixa, auto recriminação. A família é um fator importante de apoio e prevenção. Não temos como trabalhar com o cuidado e tratamento se o paciente não estiver implicado nesse processo, é preciso envolvê-lo, e contar com a família e amigos é primordial”, comentou Thiago.

O conversatório é um debate aberto à comunidade, com o objetivo de instigar reflexões coletivas e orientadas sobre assuntos específicos.

O Setembro Amarelo é uma campanha iniciada no Brasil pelo Centro de Valorização da Vida, o Conselho Federal de Medicina e a Associação Brasileira de Psiquiatria em 2015. A campanha estimula a realização de eventos para discussão de estratégias de promoção à saúde mental e prevenção ao suicídio no mês em que é comemorado o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, em 10 de setembro.

O conversatório foi realizado com a mediação de uma psiquiatra e um psicólogo. Foto: Amanda Lelis/UFMG

Espaço de acolhimento

O evento foi realizado pela Comissão de Saúde Mental do ICA. Durante todo o ano, o campus disponibiliza o serviço de Acolhimento e Escuta profissional gratuita para a comunidade acadêmica. Os atendimentos são realizados pelas equipes da Fundação Universitária Mendes Pimentel (Fump) e do setor de Recursos Humanos e podem ser agendados pelo telefone (38) 3213-9867.

Durante o evento, os profissionais citaram instituições que oferecem apoio e atendimento em Montes Claros. A população pode buscar ajuda nos pontos da Rede de Atenção Psicossocial, é orientado que o primeiro contato seja na estratégia Saúde da Família, da rede pública de saúde, que fará o encaminhamento para tratamento especializado de acordo com o caso.