Redução orçamentária de 18,2% põe em risco atividades da UFMG em 2021; universidades também reivindicam a derrubada de veto a dispositivo que possibilita reposição de vagas
O corte de 18,2% no orçamento de 2021 das universidades e institutos federais proposto pelo Ministério da Educação pode comprometer as atividades de pesquisa, ensino, extensão e assistência estudantil e os investimentos prioritários em biossegurança, em infraestrutura para o ensino remoto emergencial e nas adequações de espaço físico que precisam ser feitas nos campi em um cenário de pandemia. No caso da UFMG, as perdas chegariam a R$ 38 milhões, estima a reitora Sandra Regina Goulart Almeida. “Não temos como absorver mais esse corte”, afirma.
Segundo a dirigente, as instituições federais já vêm enfrentando reduções sucessivas em seus orçamentos nos últimos anos – de 2019 para 2020, por exemplo, a UFMG perdeu R$ 7 milhões –, e um novo corte penalizaria ainda mais as universidades, que tiveram de redirecionar sua gestão para implantar ações emergenciais e imprescindíveis de enfrentamento à covid-19. “As universidades responderam a esse chamado da sociedade. São elas que estão desenvolvendo pesquisas e ensaios com vacinas, propondo testes para diagnóstico e atendendo às populações vulneráveis”, afirma a reitora.
Além disso, destaca Sandra Goulart, outras demandas surgiram para pressionar a já delicada situação orçamentária e financeira das universidades. “Foi preciso investir em tecnologia da informação, inclusão digital e em infraestrutura e capacitação para atuação em um cenário de ensino remoto emergencial. Na área de saúde, por exemplo, algumas atividades presenciais, como estágios de estudantes nos hospitais e em centros de saúde, terão de ser retomadas, e precisaremos investir em equipamentos de proteção individual”, exemplifica Sandra Goulart.
A reitora estima que os reiterados cortes de recursos fizeram o orçamento da UFMG retroagir a patamares de 2009, quando a Universidade ainda não tinha realizado seu projeto de expansão, reestruturação e inclusão. “E hoje a Universidade é muito mais complexa, e sua qualidade, reconhecida nacional e internacionalmente, tem alcançado patamares cada vez mais elevados. Saltamos do oitavo para o quinto lugar no ranking da THE na América Latina, somos um importante centro de ensino, pesquisa e extensão, ampliamos vagas e absorvemos estudantes em situação econômica mais vulnerável. Isso tudo exige mais recursos em todas as áreas acadêmicas, além de investimento em manutenção e capital, mas não é o que tem ocorrido”, argumenta Sandra Goulart, acrescentando que a pandemia comprovou a capacidade das universidades públicas enfrentarem crises que afetam a sociedade. “A população reconhece isso. Não é hora de apertar ainda mais o nosso orçamento. Pelo contrário, recursos empregados em educação e ciência são absolutamente necessários para vencer a crise. Somos um patrimônio do nosso país que precisa ser preservado com investimento contínuo e sustentável”, defende.