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01 / abr / 2019
Reitores discutem plano para educação superior na América Latina e Caribe

Encontro na UFMG reuniu integrantes do Conselho Consultivo do Grupo Montevidéu

Membros do Conselho Consultivo em videoconferência com reitores do Uruguai e da Bolívia. Foto; Foca Lisboa/UFMG

A UFMG sediou nesta sexta-feira, 29, a primeira reunião presencial do Conselho Consultivo da Associação de Universidades Grupo Montevidéu (AUGM). A pauta do encontro foi centrada na explanação do plano de ação que prevê a implementação, até 2027, das recomendações propostas pela Conferência Regional de Educação Superior para América Latina e Caribe (Cres 2018), aprovadas em Córdoba, Argentina, no ano passado.

A declaração e o plano de ação, concluído neste mês, durante conferência regional realizada em Lima, no Peru, são os dois documentos fundamentais para as políticas de educação superior para a América Latina e Caribe, que serão levados à Conferência Mundial de Educação Superior, em 2021.

“O foco é a educação superior, mas abrange também a educação básica, porque a formação de professores desse nível de ensino é uma das grandes prioridades dos planos de ação, não somente do Brasil, mas de todos os países da América Latina ”, observou o reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Ruy Oppermann, que juntamente com a reitora da UFMG, Sandra Regina Goulart Almeida, representam o Brasil no Conselho.

Ruy Oppermann: protagonismo regional. Foto: Foca Lisboa/UFMG

Lavrosa: “bem público e responsabilidade dos estados”. Foto: Foca Lisboa/UFMG

Álvaro Maglia, secretário executivo da AUGM. Foto: Foca Lisboa/UFMG

Sandra Almeida: cooperação entre pares. Foto: Foca Lisboa/UFMG

Segundo Oppermann, a expectativa é que os governos abram-se ao diálogo interno para viabilizar a implantação das recomendações tanto no plano nacional quanto no das relações internacionais.  “Mas aqui entra outra questão, que é a necessidade de se priorizar a cooperação sul-sul. O Brasil é considerado líder na América Latina, Caribe e África e não pode perder esse protagonismo. Toda contribuição dada pelas universidades federais brasileiras, como a UFMG, não pode ser subestimada nem desvalorizada. Nossa expectativa é que os planos de ações sejam efetivamente instrumentos de gestão para os governos”, afirmou o reitor.

Estratégias integradas
Para o presidente da AUGM, Gerônimo Lavrosa, o encontro na UFMG possibilitou “as primeiras considerações sobre como a entidade, e todas as universidades que a compõem, deverão se preparar para cumprir o plano de ação”. Lavrosa, que é reitor da UN Del Este, no Paraguai, disse que o desafio comum às 38 integrantes do grupo “é trabalhar de forma conjunta e integrada para que a educação superior latino-americana seja tratada como bem público e responsabilidade dos estados”, o que, segundo ele, resume “a própria filosofia da Associação”.

O secretário executivo da AUGM, Álvaro Maglia, acrescentou que a variável “cooperação com integração” é fundamental para a criação de um espaço acadêmico regional comum. De acordo com ele, essa primeira reunião presencial do Conselho Consultivo, proporcionada pela “hospitalidade da UFMG, representa, efetivamente, a perspectiva de resultados mais estratégicos para o grupo, que vem atuando há 28 anos na educação superior tradicional regional”.

A expectativa, segundo ele, é encontrar mecanismos mais eficientes para solucionar problemas educacionais, sociais, econômicos ou culturais dos países da América do Sul.

Para a reitora Sandra Regina Goulart Almeida, os princípios norteadores das ações do Grupo Montevidéu são compartilhados pela UFMG. “Esse grupo representa uma rede de universidades públicas que procuram cooperar entre si, discutindo, juntas, o papel político de luta por investimentos em educação, ciência, tecnologia e inovação”, avaliou.

“É uma grata satisfação participarmos desse grupo, à frente do Conselho Consultivo, junto com universidades de peso, como a UFRGS e instituições da Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai. Queremos contribuir para estreitar laços com esses parceiros que estão tão perto de nós, mas nem sempre cooperamos com tanta facilidade”, reconheceu a reitora.

Essa, aliás, é considerada uma “dificuldade histórica”, na avaliação do reitor da UFRGS, Ruy Oppermann. Ele acredita que a tradição da comunidade acadêmica sul-americana de buscar formação na Europa e nos Estados Unidos dificulta a integração regional regional. “As universidades latino-americanas têm quadros extremamente qualificados, trabalhando com áreas e linhas de pesquisas semelhantes. Então, o que nos impede de interagir?”, questionou.

Financiamento
Oppermann também considera a falta de investimentos um fator que dificulta essa integração. “Isso precisa ser superado com a criação de uma agência de fomento, não a fundo perdido, mas para investir em desenvolvimento da ciência, tecnologia, extensão, mobilidade, que são prioridades para o grupo. Temos muito a fazer e ensinar a esse respeito para o mundo, mas precisamos de financiamento”, defendeu.

Em sua opinião, investimentos em ciência e tecnologia não devem ficar “atrelados ao consumo imposto pelas outras nações” e precisam ser definidos pelo protagonismo das instituições regionais. “A riqueza cultural da América Latina é evidente. É uma das regiões mais ricas sob o ponto de vista cultural, de diversidade ambiental e de povos, mas com necessidades muito grandes. Precisamos olhar por nós mesmos”, defendeu o reitor da UFRGS.

Também participaram do encontro a reitora da UNE da Argentina, Maria Delfina Veirravé, e Fernando Sosa, da secretaria da AUGM.  As discussões iniciadas na UFMG serão aprofundadas em reunião agendada para os dias 8 e 9 de abril, em Porto Alegre.