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17 / nov / 2017
Projeto do ICA promove troca de saberes entre indígenas e universidade

Alunos da graduação visitam aldeias Xakriabá para realização de oficinas; Mostra Cultural traz impressões sobre o projeto que acontece há três anos

A exposição de fotografia trouxe o olhar de alunos do ICA sobre a rotina das aldeias – Foto: Amanda Lelis/UFMG

Muitas cores, texturas e formas. Quem visitou o Instituto de Ciências Agrárias (ICA) nesta semana, certamente observou um movimento diferente no campus. Nos dias 16 e 17 de novembro, foi realizada a Mostra Cultural dos Povos Indígenas, que trouxe a uma exposição de fotografias, além de apresentações culturais de jovens de aldeias da etnia Xakriabá.

A Mostra é parte das atividades de extensão do ICA – campus da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em Montes Claros -, que acontecem por meio do Programa de Educação de Ensino Tutorial (PET), do Ministério de Educação. Os alunos que participam do PET Agronomia e do PET Indígena têm como parte de suas atividades o “Dia de Campo na Reserva Xakriabá”, no qual ministram ou participam de oficinas que visam um intercâmbio entre o saber tradicional e o científico.

“São comunidades tradicionais, grupos organizados muito interessantes, que têm uma demanda enorme de informação, ao mesmo tempo em que são, também, uma fonte de muita informação e conhecimento. É uma via de mão dupla. E o fato destes indígenas estarem próximos da universidade é extremamente positivo”, comentou o professor Ernane Ronie Martins, coordenador do programa no ICA.

As fotografias expostas durante a Mostra são da autoria dos alunos que participam da ação e trazem recortes do cotidiano das aldeias visitadas, das atividades realizadas nas aldeias pelo projeto, e manifestações culturais dos indígenas. Durante o evento, jovens Xakriabás estiveram no campus conversando com os visitantes, fazendo pinturas corporais e expondo artesanatos produzidos em suas aldeias.

A jovem Xakriabá Silvianete Neves dos Santos é aluna do curso de graduação em Agronomia no ICA/UFMG. Com 30 anos e perto da conclusão do curso, Silvanete conta que seu desejo é devolver à comunidade o conhecimento apreendido na universidade.  “Eu sonhava, sempre gostei de estudar. Era um sacrifício pra estudar, porque tinha escola, mas às vezes não tinha professor, e às vezes tinha que trabalhar. Eu gosto do curso. Quando formar, eu preferia trabalhar no campo, com quase todas as atividades na área de produção. Poder mexer com milho, feijão, ou qualquer outra”, comentou.

Dia de Campo na reserva Xakriabá

No dia 30 de setembro foi realizada a terceira edição do Dia de Campo na Reserva Xakriabá. Desta vez, as oficinas aconteceram na Escola Estadual Indígena Bukikai, Aldeia Itapicuru, com a participação de 30 alunos da universidade.

Os alunos ministraram 13 oficinas de diversos temas como a produção animal, produção de mudas, biodiversidade, sementes, tratamento de água, plantas medicinais, entre outros, para crianças, adolescentes e adultos. A iniciativa, realizada há três anos, foi criada a partir de uma demanda de escolas de algumas aldeias localizadas na Terra Indígena Xakriabá, no território do município de São João das Missões, a 254km de Montes Claros (MG).

“O que a gente queria, ao levar este trabalho pra lá, seria a interação entre a universidade e a comunidade, porque a gente não só leva conhecimento, mas também traz”, explicou Silvianete, que também é uma das organizadoras da ação.

Texto: Amanda Lelis

A pintura corporal com jenipapo foi uma das ações realizadas – Foto: Amanda Lelis/UFMG

 

 

Na mostra, os visitantes conheceram parte da tradição cultural dos Xakriabá – Foto: Amanda Lelis/UFMG