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22 / jun / 2020
Pesquisa investiga relação entre sedentarismo e efeitos da Covid-19 no organismo de infectados

Uma das autoras do estudo, que está recrutando voluntários, falou à Rádio UFMG Educativa

Atividades físicas como corridas e caminhadas fortalecem o sistema imunológico. Imagem: Mabel Amber / Pixabay

A prática regular de exercícios físicos está entre as principais recomendações para manter a saúde em dia e prevenir doenças. Mas pouco se sabe ainda sobre a relação entre as atividades físicas e os efeitos do novo coronavírus no organismo. Ser ativo pode impactar a manifestação da Covid-19? Uma pesquisa em andamento tenta desvendar justamente essa questão. É o estudo O impacto do exercício físico, da atividade física e do sedentarismo nos desfechos clínicos em pacientes sobreviventes infectados pelo vírus Sars-CoV-2 (novo coronavírus), desenvolvido por grupo de pesquisadores da área de ciência do exercício no Brasil.

Daisy Motta Santos, residente de pós-doutorado no Departamento de Esportes da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG, integra a equipe que realiza o estudo. Em entrevista à Rádio UFMG Educativa, Daisy destacou a importância da prática de exercícios para o organismo. “A Organização Mundial da Saúde recomenda a realização de, no mínimo, 150 minutos de atividade física por semana. Quem não atinge esses níveis pode ser considerado sedentário. Estudos sugerem que a inatividade física está associada a mais de 30 doenças crônicas, que poderiam ser prevenidas por uma mudança no estilo de vida”, adverte a pesquisadora.

Daisy Motta Santos citou estudo recente publicado na revista Cell que chama a atenção para o fato de que uma única sessão de exercício físico é capaz de alterar mais de nove mil moléculas no organismo humano, e uma grande variedade delas está associada a respostas do sistema imune. Santos ressalta, ainda, que não existem remédios ou alimentos que sejam capazes de gerar o mesmo efeito. Essa convicção motivou os pesquisadores a trabalhar com a hipótese de que indivíduos mais ativos teriam sintomas mais leves da Covid-19 e chegariam menos ao ponto de internação pela doença do que os sedentários.

Para confirmar ou não essa hipótese, os cientistas decidiram realizar uma pesquisa on-line com pessoas que testaram positivo para o vírus Sars-CoV-2, sedentárias ou ativas. Os voluntários respondem a questões sobre as consequências da doença em seus organismos. Os especialistas vão avaliar os dados para traçar um panorama dos desfechos relativos ao número de hospitalizações e aos sintomas da doença manifestados em cada grupo.

Para fugir do sedentarismo
Ainda que as relações entre o sedentarismo e o agravamento dos sintomas da Covid-19 ainda estejam em análise, a pesquisadora Daisy Motta Santos lembra que a prática de atividade física é importante para fortalecer o sistema imune, melhorando a saúde e reduzindo riscos de várias doenças. Ela dá algumas sugestões para que as pessoas possam se manter ativas, mesmo em isolamento social: “Dentro de casa nós ficamos muito tempo sentados, trabalhando no computador ou vendo séries na TV. Uma dica é interromper esse tempo parado a cada hora, colocando despertadores para nos lembrar de nos movimentar”. Para exercícios físicos mais pesados, a pesquisadora ressalta a importância de um acompanhamento profissional: “É importante ter orientação para práticas intensas e não exagerar nessas atividades, porque, em momentos como este, a última coisa que queremos é ter de parar no hospital por conta de alguma lesão”, adverte a pesquisadora. “A recomendação depende muito do histórico de atividades das pessoas, mas o que importa é nos mantermos em movimento o maior tempo possível durante o dia”, conclui Daisy Motta Santos, em entrevista ao programa Conexões. Ouça a conversa com Luíza Glória no Portal UFMG.

Pessoas que testaram positivo para o vírus Sars-CoV-2 podem participar do estudo respondendo à pesquisa por meio deste formulário.