Parceiro histórico da UFMG no curso para educadores indígenas, Valdemar sofreu acidente de motocicleta no Norte de Minas
‘Seu’ Valdim: ‘força, sabedoria e paciência. Foto: arquivo pessoal
Morreu ontem (domingo, 8), nas imediações de São João das Missões, no norte de Minas Gerais, Valdemar Xavier, 75 anos, uma das lideranças da etnia Xakriabá e um dos mais importantes parceiros da UFMG no projeto da Formação Intercultural de Educadores Indígenas (Fiei). Conhecido como seu Valdin, ele integrava o Conselho Consultivo do Fiei.
Valdemar Xavier dirigia uma motocicleta e foi encontrado já sem vida em estrada de terra acidentada que liga São João das Missões a Itacarambi. Ainda não há informações precisas sobre as circunstâncias da morte. A terra indígena Xacriabá, localizada na região de São João das Missões, é composta de 36 aldeias, e Valdemar Xavier vivia na aldeia Barreiro Preto, onde será sepultado nesta segunda-feira.
Segundo a professora Shirley Miranda, da Faculdade de Educação (FaE), que conhecia seu Valdin há cerca de 20 anos, ele participou, desde o início, em 1998, do programa de implantação de escolas indígenas em Minas Gerais. Fez parte do primeiro colegiado da Formação Intercultural de Educadores Indígenas, criada em 2005, e integrava o Conselho Consultivo do Fiei desde sua implantação, em 2012.
“Ele era considerado um dos pilares da cultura Xakriabá, com atuação dentro e fora do território. Integrava a luta pelos direitos indígenas em âmbito nacional e era muito respeitado também pelas outras etnias”, diz Shirley, lembrando que ele tinha grande conhecimento do Cerrado e militava também na defesa do bioma. Foi também um dos fundadores das Casas de Medicina Xakriabá.
Ainda de acordo com Shirley Miranda, que é vice-coordenadora do Fiei, Valdemar Xavier orientou a direção da Formação em diversos aspectos, contribuindo para definir percursos acadêmicos nas aldeias. “Ele sempre nos acolheu muito bem no território, indicava os sábios e apoiava nossos alunos na produção de pesquisas de graduação, mestrado e doutorado.”
Shirley acrescenta que seu Valdin esteve ao lado dos professores da UFMG em conversas coma Reitoria da Universidade, com as autoridades estaduais e com o MEC. “Era uma liderança que combinava força, sabedoria e paciência e tinha sempre conselhos certeiros”, diz a professora.
Seu Valdin deixa a esposa, dona Ana, filhos e netos.
[Notícia originalmente publicada no portal da UFMG]