A programação é a primeira do ciclo de palestras “Gestão de Quê”, realizada neste ano letivo

O psiquiatra é reconhecido pelo trabalho na luta antimanicomial. Foto: Raíssa César/UFMG

No dia 15 de março, o Instituto de Ciências Agrárias (ICA) recebe o psiquiatra e professor Ernesto Venturini, da Università degli Studi della Repubblica di San Marino, para a conferência “A saúde mental em tempos de cólera: primeiramente…”. A conferência será realizada no Auditório do Bloco C, a partir das 19h10, é gratuita e aberta a participação da comunidade acadêmica.

O psiquiatra é um especialista em saúde mental, expoente na luta antimanicomial. Durante a conferência, será abordado o que ele chama de epidemia caracterizada por uma condição de apreensão, de insegurança, e de uma dramática fragilização de direitos e de convivência social. Ernesto é convidado do programa Cátedras da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep) e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

A participação valerá certificado e integralização de créditos apenas para os alunos de graduação que se inscreverem e assinarem a lista de presença. Interessados podem se inscrever pelo endereço: https://aplicativos.ufmg.br/conhecimento/atividades/.

A Conferência, que conta com o apoio do Instituto de Estudos Avançados Transdiscilplinares da UFMG,  é a terceira realizada sobre o tema na UFMG. Em 2017, duas edições ocorreram em Belo Horizonte, a primeira no Auditório da Reitoria, campus Pampulha, e a segunda, na Faculdade de Medicina da UFMG, campus Saúde.  A conferência é gratuita e aberta à participação da comunidade acadêmica.

Gestão de Quê

A atividade é promovida pelo projeto de extensão “Gestão de Quê” e integra o calendário de Atividades Acadêmicas Complementares do turno da noite do campus regional da UFMG em Montes Claros. Será a primeira das oito atividades propostas para este ano letivo.

O professor do ICA, Giovanni Fonseca, explica que a proposta é oferecer aos estudantes do turno noturno oportunidades de atividades complementares diferenciadas, como palestras, oficinas, entre outras, voltadas para os alunos de graduação em Administração, curso noturno no campus. “A  saúde mental também é passível de gestão: das condições de trabalho, das exigências e de como elas nos acometem atualmente, como isso faz com que a gente sinta certa pressão com foco no produtivismo, que acaba rompendo ou fragilizando esses laços com os colegas. Essa discussão tem uma proximidade muito grande com a gestão no sentido amplo”, comentou.

Roda de Conversa

Paralelamente a esta atividade, também será realizada a Roda de Conversa “Vamos falar sobre Saúde Mental?”, com a presença da professora Stella Goullart, coordenadora da Comissão Institucional de Saúde Mental da UFMG. Esta ação acontece na sexta, dia 16 de março entre 9h e 11h30, na Sala de Convivência da Moradia Universitária (Rua da Agronomia, nº270, Planalto). Na ocasião, será discutida a implantação da Política Institucional de Saúde Mental. Os interessados devem confirmar presença pelo e-mail icasaudemental@yahoo.com.br. Haverá transporte do campus para a Moradia Universitária para os participantes. O ônibus sairá do bloco A, às 8h45.

Conferência
Sinopse (do autor): A “cólera”, metaforicamente, indica uma espécie de epidemia que se caracteriza por uma condição de apreensão, de insegurança, de uma dramática fragilização de direitos e de convivência social, que pareciam inequivocamente conquistados. Estamos em um cenário de tipo produtivista, que forja os sujeitos em uma matriz competitiva e hiper-egoica, com todas as suas consequências (produção de novas sintomatologias, depressão, ansiedade, erosão dos laços de solidariedade, cinismo, novas segregações). É uma grande crise (mundial) de valores éticos, que se traduz em uma espécie de pessimismo generalizado, de falta de confiança nas possibilidades de reinvenção e mudança. Problematizaremos os enclausuramentos, as ideologias, a burocratização, a fragilização das instituições e de cada um de nós, procurando sustentar que, segundo nos parece, existem áreas de resistência frente à dimensão fagocitária do mercado e da sociedade produtivista, apontando para uma pedagogia de luta pela vida, que se delineia através de nossa responsabilização e flexibilização.

Sobre o catedrático: Dr. Ernesto Venturini é um intelectual italiano, médico, pesquisador, gestor público e ativista da Psiquiatria Democrática italiana, notabilizado em função de sua colaboração com a construção da Reforma Psiquiátrica e da luta antimanicomial. Ele participa e acompanha a construção da política de saúde mental brasileira, europeia e africana, operando com uma perspectiva transdisciplinar. Atualmente, Dr. Venturini representa a Fundação Franca e Franco Basaglia (Veneza) e a Universidade de Estudos da República de San Marino e está desenvolvendo uma pauta de discussões, onde se situa o tema da saúde mental na universidade e, dentre outras diversas publicações, destaca-se, o livro “A linha curva – o espaço e o tempo da desinstitucionalização” (FIOCRUZ/ENSP, 2016).

[Com informações divulgadas pelo IEAT]