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08 / maio / 2018
Abertura da Semana de Saúde Mental da UFMG é realizada no ICA

Na próxima segunda, dia 14 de maio, Claudia Penido palestra sobre os desafios da saúde mental no país

A programação completa pode ser consultada no site do evento.

No dia 14 de maio, o Instituto de Ciências Agrárias recebe a abertura da 6ª Semana de Saúde Mental e Inclusão Social da Universidade Federal de Minas Gerais. O evento, que será realizado até o dia 18 nos campi de Montes Claros e Belo Horizonte, traz como tema “Esperança resistente: amanhã será outro dia”. No ICA, a programação conta com a palestra da especialista Claudia Penido sobre o desafio da Saúde Mental no Brasil e uma roda de conversas sobre saúde mental e vida acadêmica.

A abertura do evento acontece na próxima segunda, dia 14, entre 19h e 22h, no auditório do bloco C no campus regional da UFMG em Montes Claros (Avenida Universitária, 1.000 – Bairro Universitário, Montes Claros). Na ocasião, será realizada a palestra “Regressão de direitos: o atual desafio da Saúde Mental no Brasil”, proferida por Claudia Penido. Na terça-feira, será a roda de conversas “Saúde Mental e vida acadêmica”, realizada entre 9h e 11h30 no salão do bloco A. O evento é gratuito e aberto ao público. Para emissão de certificados, é necessário realizar a inscrição no evento pela internet.

As atividades da Semana, realizadas no campus regional da UFMG em Montes Claros, integram o calendário de Atividades Acadêmicas Complementares do turno da noite. Os participantes que possuem vínculo com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) devem realizar sua inscrição pelo site da Pró-reitoria de Graduação para emissão de certificado. Para participantes que não possuem vínculo com a UFMG, a inscrição deve ser realizada pelo site do evento.

A ideia do evento é sensibilizar a comunidade acadêmica para o tema, debater saídas e fomentar discussões sobre como a realidade sociopolítica contemporânea influi na saúde mental dos membros da comunidade da UFMG, instituição que tem sofrido as consequências de uma política, não raro, adversa à sua “saúde”. De igual modo, planeja-se discutir formas de aprimorar a aplicação da Política de Saúde Mental da UFMG face às especificidades do atual contexto. “O sofrimento mental faz parte da história humana, mas a atual conjuntura parece estar levando as pessoas mais intensamente ao sofrimento, gerando mais ocorrências. Precisamos compreender essa conjuntura com mais profundidade”, afirma a professora Claudia Mayorga, pró-reitora de Extensão.

Mercado da loucura

A abertura do evento será realizada no campus Montes Claros com palestra sobre o retrocesso promovido pelo poder público no campo da saúde mental no Brasil. As atividades vão trazer à discussão a resolução aprovada pelo Ministério da Saúde em dezembro de 2017 (nº 32, de sua Comissão Intergestores Tripartite), que estabeleceu mudanças na política de saúde mental brasileira. Na prática, essas alterações puseram em risco o legado da reforma psiquiátrica realizada no início do século e abriram espaço para o retorno do chamado “mercado da loucura”, no interesse da iniciativa privada e em prejuízo da assistência humanizada. “Passamos mais de 30 anos construindo uma reforma psiquiátrica com foco na cidadania, na desinstitucionalização, no protagonismo de quem sofre, na não internação. De repente, vivenciamos um cenário de grandes retrocessos”, lamenta Teresa Kurimoto, professora da Escola de Enfermagem e coordenadora geral do evento, concorda.

Em Belo Horizonte e Montes Claros, o evento contará com rodas de conversa sobre temas como resistência, suicídio e protagonismo do usuário, em ambientes focados na escuta dos estudantes. Também haverá apresentação de pôsteres, reunião com colegiados, oficinas e mesas-redondas. “As atividades têm como meta a consolidação da ideia de uma universidade inclusiva, solidária, acolhedora, que trate os sujeitos como pessoas, e não como números, máquinas”, enfatiza Claudia Mayorga. Nesse quesito, destaca a pró-reitora, um dos pontos de atenção que têm sido destacados pelos alunos é a relação professor-estudante. “Este é, de fato, um aspecto crítico para a saúde mental da comunidade, e é em razão dele que precisamos, mais do que nunca, trazer os professores para esse debate. Ao mesmo tempo, queremos identificar e valorizar as boas práticas, as formas inovadoras e dialógicas de  orientar e dar aulas que têm sido praticadas na academia.”

A pró-reitora destaca que, paralelamente, o desafio atual do combate ao sofrimento mental na Universidade é o de articular as atividades que já são realizadas. “Temos trabalhado a ideia de criar um comitê institucional de saúde mental em parceria com a Rede de Saúde Mental UFMG. Ele ficaria responsável por propor ações de curto, médio e longo prazo, com foco não apenas na mitigação do sofrimento mental, mas na melhoria da qualidade de vida. A ideia é focar não apenas nos problemas já manifestos, mas na prevenção”, adianta a pró-reitora. “Temos a clareza de que o combate ao sofrimento mental é um processo. A mudança institucional e de cultura não é algo que ocorre da noite para o dia. Claro que as pessoas que vivem a questão querem respostas imediatas, então estamos trabalhando para isso. Desde a fundação da Rede de Saúde Mental, vários resultados já surgiram”, sustenta Claudia Mayorga.

Política de Saúde Mental da UFMG

A Política de Saúde Mental da UFMG foi estabelecida em 2016, com a aprovação do Relatório ­Conclusivo da Comissão Institucional de Saúde Mental (Cisme) da Universidade. Fruto de mais de um ano de debates, esse documento estabelece iniciativas que devem ser tomadas em respostas às ocorrências de sofrimento mental identificadas na academia. As diretrizes propostas pelo relatório se alinham à Política Nacional de Saúde Mental, de forma que sua abrangência não se restringe ao âmbito da Universidade; ao contrário, alcança o trânsito entre a comunidade universitária e a cidade. Quatro princípios sustentam essa política. Primeiramente, ela parte da ideia de que a Universidade deve ser acolhedora, flexível, acessível, inclusiva e solidária, uma “Universidade para todos”. Em seguida, estabelece que a própria pessoa que enfrenta o sofrimento mental deve ser protagonista na estratégia planejada para se lidar com o problema, em vez de sofrer os ditames impostos por uma estrutura externa a ela.

Em terceiro lugar, a política estabelece e considera como inegociável o princípio de respeito à vida e aos valores éticos da convivência humana. Por fim, pressupõe o seu próprio alinhamento ao conjunto de diretrizes que compõe a Política Nacional de Saúde Mental, alinhamento que pressupõe sintonia com o Sistema Único de Saúde (SUS), com o arcabouço legal que direciona os programas de saúde mental para o tratamento territorial e comunitário em liberdade, com a Política de Atenção à Saúde e Segurança do Trabalho do Servidor Público Federal (Pass) e com a Política de Direitos Humanos da UFMG.

A programação, que ocorre paralelamente nos campi de Belo Horizonte e Montes Claros, pode ser consultada no site do evento.

Fluxograma indica caminhos para se acionar serviços de urgência e emergência na UFMG. [Imagem: Criação Cedecom]

Serviço:

Semana de Saúde Mental e Inclusão Social em Montes Claros

Palestra: Regressão de direitos: o atual desafio da Saúde Mental no Brasil – Claudia Penido

Dia 14 de maio, entre 19h e 22h

Local: Instituto de Ciências Agrárias (Auditório do bloco C – Avenida Universitária, 1.000 – Bairro Universitário, Montes Claros)

Roda de conversas: Saúde Mental e vida acadêmica

Local: Salão do Bloco A

Horário: 9h às 11h30

 

[Texto: edição da reportagem de Ewerton Martins Ribeiro. Leia na íntegra, no Boletim UFMG de n° 2015]