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09 / out / 2019
ICA recebe cerca de mil visitantes na Feira de Ciências e Semana do Conhecimento

O encerramento da feira foi nesta quarta, a programação da Semana do Conhecimento continua até a próxima semana

Grupo da Escola Estadual Mamede Pacífico de Almeida, de Engenheiro Navarro foi premiado com o 1º lugar na categoria ensino fundamental. Foto: Amanda Lelis/UFMG

Durante três dias, o campus do Instituto de Ciências Agrárias da UFMG esteve mais movimentado do que de costume. Circulavam entre os espaços da Unidade Acadêmica ônibus escolares, jovens e crianças de diferentes idades. No ginásio poliesportivo, eram expostos em estandes projetos de escolas de diferentes cidades da região do Norte de Minas. Os trabalhos compuseram a 8ª edição da Feira de Ciências do Norte de Minas Gerais, realizada entre 7 e 9 de outubro. Foram apresentados 20 trabalhos técnico-científicos do ensino superior, fundamental, médio e médio-técnico. Na ocasião, também eram apresentados em pôsteres os trabalhos de ensino, pesquisa e extensão da Semana do Conhecimento da UFMG.

Neste ano, o tema central para os trabalhos foi “Educação de qualidade para o desenvolvimento sustentável”, em concordância com o tema da Semana do Conhecimento da UFMG. Entre os trabalhos expostos estiveram jogos educativos, exposições botânicas, tecnologias sociais, entre outros.

Cerca de mil visitantes externos vieram ao ICA para assistir às exposições, além do público do campus. “A população de Montes Claros está mais sensibilizada, muitas escolas mandaram ônibus. A feira já é uma parte integrada da agenda das escolas. Os projetos apresentados são de boa qualidade, adaptados ao contexto do Norte de Minas, e refletiram muito bem a temática para o formato da mostra”, comentou o professor Charles Aguilar, que participa da comissão organizadora do evento.

Um dos projetos expostos na feira foi o herbário produzido pela Escola Estadual Mamede Pacífico de Almeida, do município de Engenheiro Navarro. Taís Almeida, de 14 anos, cursa o 9º ano do ensino fundamental e explicou que a proposta foi a construção de um herbário didático com as espécies nativas da região. “Na cidade, muitas pessoas não conhecem essas plantas, que são espécies muito importantes como a aroeira, que a madeira é muito usada, e outras que têm uso medicinal. Achamos importante ampliar o nosso conhecimento sobre essas espécies nativas e valorizar essas plantas que estão presentes em nosso Cerrado, que têm um grande potencial que não é tão explorado”, contou a estudante.

Christina Maria de Oliveira, que é professora de Ciências e Biologia na escola e orientadora do projeto, valorizou o empenho das estudantes. “Todo o protagonismo é das estudantes, elas foram a campo, fizeram as coletas, as pesquisas para a catalogação das espécies, produziram as exsicatas [forma de exposição das plantas desidratadas e classificadas], levantaram os dados com questionários com a população”, disse. De acordo com a professora, foram aplicados 150 questionários com o intuito de apurar o conhecimento da população sobre as espécies nativas.

Outro trabalho exposto é o do grupo de Esther Santos Fonseca, de 17 anos, que apresenta uma forma sustentável de reaproveitamento da água. Esther cursa o técnico em química no Instituto Federal do Norte de Minas Gerais e faz estágio no ICA. “Apresentamos a eletroflotação, que é um método eficiente para tratamento da água onde se usa a eletrólise. Dentro desse sistema, acontecem reações químicas que vão ajudar no tratamento da água. Em torno de uma hora, é reduzida em 100% a turbidez da água e ela pode ser reaproveitada para uso doméstico, só não pode para consumo e para tomar banho”, explicou.

O grupo apresentou uma maneira sustentável de tratamento de água. Foto: Amanda Lelis/UFMG

Maria Cecília dos Santos, de 12 anos cursa o 7º ano na Escola Estadual Levi Durães Peres, de Montes Claros e apresentou o Projeto Aprendiz de Ciências. “Nunca tinha apresentado esse tipo de trabalho, é a primeira vez. Estou achando bem legal, estamos expondo as aulas práticas que tivemos na escola. A gente aprende uma coisa na sala, leva para o laboratório e aprende muito mais. Pretendo cursar biologia, já comecei cedo com esse projeto”, disse.

Os dez trabalhos com melhor avaliação receberam uma premiação do ICA. Foram premiados 1º, 2º 3º lugar dos ensinos fundamental e médio e 1º e 2º lugar dos ensinos médio-técnico e superior.

Semana do Conhecimento

Isabella apresentou um projeto que propõe uma técnica para monitoramento da infiltração de irrigação no solo. Foto: Amanda Lelis/UFMG

A Semana do Conhecimento iniciou no ICA com a apresentação de 236 trabalhos de professores, estudantes e servidores técnico-administrativos em pôsteres. A programação continua na próxima semana com a realização de palestras, minicursos e outras atividades no campus regional da UFMG em Montes Claros.

Isabella Alkmin, estudante do curso de graduação em Engenharia Agrícola e Ambiental apresentou o seu trabalho de Conclusão de Curso e Iniciação Científica, que propõe uma técnica para monitoramento da infiltração de irrigação no solo. “Conhecer o comportamento de infiltração de água no solo é importante para os projetos de irrigação, para manejo do solo e da água”, disse a estudante.

Isabella apresentou o infiltrômetro de anéis concêntricos. O método consiste na instalação de dois anéis de diferentes diâmetros no solo, abastecidos com água e monitorados ao longo do tempo. “É um teste muito cansativo, que pode durar horas até estabilizar, é difícil e desconfortável fazer a leitura, o que pode gerar muitos erros humanos. O objetivo foi automatizar esse método”, disse.

A estudante elaborou o programa, realizou as simulações em laboratório, testou a precisão dos sensores, a capacidade do recipiente de armazenamento da água e outras etapas do experimento até a realização do teste em campo e das análises de dados. “Concluímos que o dispositivo foi capaz de automatizar esses dois processos e tornar bem mais tranquila a aplicação do método, bem mais prático e menos cansativo”, disse.

Outro projeto da Iniciação Científica apresentado durante a Semana do Conhecimento foi o biodigestor com funcionamento em batelada. “Hoje em dia, no setor agropecuário, nas criações de codornas e galinhas, os produtores têm os animais criados em sistemas intensivos, em que as excretas são coletadas em bandejas. Ao coletar essas excretas, o que fazer? A nossa ideia é propor uma alternativa para tratamento desses resíduos, de forma a diminuir o impacto ambiental gerado pelo sistema de produção. O biodigestor vai gerar biogás a partir do tratamento dos resíduos e também um biofetilizante, que vamos testar se pode ser utilizado para adubar plantas”, explicou a estudante do 10º período de Engenharia Agrícola e Ambiental, Mariana Câmara.

O diferencial do biodigestor, de acordo com a estudante, é que pode ser facilmente reproduzido em pequenas propriedades, com materiais e ferramentas simples e sem a necessidade de um grande espaço para sua instalação. “Foi pensado para pequenos e médios produtores. Esse gás pode ser utilizado para funcionamento de uma lâmpada, de um aquecedor ou ventilador por algumas horas”, contou Mariana. O projeto é realizado no Núcleo de Estudos em Meio Ambiente e Sustentabilidade, supervisionado pela professora Júlia Ferreira. Foram apresentados os resultados de duas pesquisas vinculadas ao projeto durante a Semana do Conhecimento e também os métodos para a produção do biodigestor foi apresentado na Feira de Ciências.

O biodigestor foi exposto na Semana do Conhecimento e também na Feira de Ciências. Foto: Amanda Lelis/UFMG

Também foram expostos trabalhos de ensino e de extensão. O projeto Conhecendo outras Línguas foi criado em 2016 como projeto de extensão e atualmente atende mais de 100 estudantes de 7 a 35 anos originários de comunidades carentes do entorno do ICA. “Promovemos o aprendizado a pessoas que nunca tiveram o contato com o inglês ou a oportunidade de pagar um curso de idiomas”, explicou Steve Roddy Habit está no 4º período de Zootecnia e é de Camarões. O projeto é vinculado ao Programa de Desenvolvimento Rural e Apoio a Reforma Agrária (Prodera) e atende a turmas no campus do ICA e na sede da Ong Vilage Ativo.

“Estou no Brasil desde 2017, dou aulas para quebrar gelo e explico um pouco da história e cultura da África para romper os estereótipos que existem. Minha experiência é muito boa, sobretudo com o retorno dos alunos e com os seus resultados. Aprender outras línguas, segundo os estudantes que são de zona carente, era quase impossível. Hoje, eles só precisam ter interesse e a matrícula é de graça”, comentou Steve.

Steve durante a apresentação do projeto “Conhecendo outras línguas”. Foto: Amanda Lelis/UFMG

A abertura oficial da Semana do Conhecimento no ICA será na segunda, dia 14. A programação local conta com palestras sobre os desafios da Universidade na atualidade e seu percurso para a educação de qualidade; Sobre novas cepas probióticas: métodos e critérios de seleção; sobre educação e sustentabilidade, com foco em questões sociais e diversidade; e sobre inteligência artificial e aplicações. A programação local também conta com oficinas e minicursos.

As inscrições de participantes vão até o dia 13 de outubro. A participação é gratuita e aberta ao público. A inscrição deve ser realizada online, pelo site do evento.