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18 / mar / 2020
Curso, realizado na última semana pelo ICA, propõe alternativa sustentável para produção de carvão vegetal

O Sistema, desenvolvido pela UFV, foi implantado em dezembro no ICA, primeira instituição do Norte de Minas a receber a tecnologia e promover a difusão de conhecimentos na região

Durante o curso, os participantes aprenderam sobre a operação do sistema. Foto: Amanda Lelis/UFMG

Na última semana, o Instituto de Ciências Agrárias (ICA) da UFMG promoveu o curso prático de operação do sistema fornos-fornalha. Cerca de 40 pessoas participaram da atividade, realizada entre 11 e 13 de março, entre estudantes, produtores rurais e representantes da iniciativa privada.

Este foi o primeiro curso realizado pelo projeto e há a previsão de oferta de uma nova turma nos próximos meses. A professora do ICA, Talita Baldin, explica que o Sistema se configura como uma alternativa viável financeiramente para implantação pelos produtores de carvão. “A UFMG está como intermediária para difusão desta tecnologia, desenvolvida pela UFV, na região Norte do Estado. A legislação vigente exige que todo produtor de carvão realize a queima de forma sustentável e apresente o relatório de emissão de gases. Essa é uma tecnologia viável inclusive para o pequeno produtor”, comentou Talita.

O curso foi realizado em parceria com a Universidade Federal de Viçosa (UFV), o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). A iniciativa é vinculada ao Projeto Siderurgia Sustentável, que visa a mobilização e a parceria entre setores público, privado e academia com o objetivo de promover a adoção de tecnologias mais eficientes de conversão de carvão vegetal.

Humberto Fauller Siqueira, consultor técnico do projeto e representante da UFV, destaca que o sistema propõe oferecer sustentabilidade econômica, ambiental e social e está aliado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Conforme explicou Humberto, esta tecnologia de queima de carvão vegetal promove a diminuição da fumaça, contribuindo para a melhoria das condições de trabalho, apresenta ganhos em rendimento e reduz as emissões de gases de efeito estufa.

“O grande diferencial em relação a atividade de produção de carvão, é que a gente consegue fazer a queima dos gases e o controle de processos através da pirometria. Que permite que a gente tenha um ganho em rendimento, aumentando a produtividade dos fornos, o que traz melhorias para o produtor”, explicou Humberto. De acordo com o consultor, os gases gerados pela atividade são convertidos em CO2, tornando o processo ambientalmente sustentável.

Difusão de conhecimento

Cerca de 40 pessoas participaram do curso, que teve três dias de duração. Foto: Amanda Lelis/UFMG

De acordo com a professora da UFMG, esta é uma oportunidade de compartilhamento do conhecimento científico produzido nas instituições públicas de ensino com a população. A popularização da ciência, neste caso, pode trazer benefícios sociais e econômicos à região em que o campus se insere. “Temos na Universidade o propósito de levar nossas pesquisas para o público externo. Além de ter a participação dos nossos alunos que serão os difusores dessa tecnologia no futuro, abrimos as portas da Universidade para a população. É uma oportunidade de sermos vistos como fonte de conversa, fonte de informação”, reforçou a professora.

Peter Althoff foi um dos participantes do curso. Peter atua como consultor, orientando os produtores sobre a produção de carvão vegetal.  “Achei a tecnologia um avanço, principalmente com essa proposta de queima dos gases. Ano após ano, quem produz carvão vegetal vem sofrendo uma pressão para que possa ter um sistema ambientalmente mais sustentável. O que eles trazem é uma solução para isso, tem um viés importante pro pequeno produtor”, comentou Peter.

Rodrigo Magalhães é estudante do 7º período de Engenharia Florestal no ICA e também participou do curso. “É um conhecimento técnico disponível que a gente consegue aplicar, agrega muito principalmente na nossa região que tem prática nesse setor de produção de carvão”, contou.

Por meio do projeto Siderurgia Sustentável, outras iniciativas estão em andamento. Entre elas, a implantação da tecnologia em outras regiões do estado. Augusto Valencia, que também participou do curso, comentou sobre a proposta. “Esse projeto é efetivo em termos de multiplicação dessa tecnologia para os pequenos produtores. Pretendemos implantar o sistema para pequenos produtores para comparar com o sistema usado tradicionalmente dentro das três vertentes, social, ambiental e econômica”, disse.

O Projeto Siderurgia Sustentável conta com recursos do Fundo Global para o Meio Ambiente e é implementado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), com coordenação técnica do Ministério do Meio Ambiente, executado em conjunto com o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações; Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e o Governo de Minas Gerais.