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30 / abr / 2021
Futuro do ensino de engenharia será debatido em congresso na UFMG

Evento, on-line, está agendado para setembro; prazo de inscrições de trabalhos para sessões técnicas foi prorrogado para 9 de maio

Como será o pós-covid-19 no campo do ensino? Que metodologias, abordagens e materiais são mais adequados no cenário de um ensino cada vez mais virtualizado? Como implementar estratégias de flexibilização curricular para impulsionar adaptações rápidas? Como integrar cursos e adotar práticas híbridas de formação (presencial e remota)? Essas são grandes questões que vão permear as discussões do 49º Congresso brasileiro de educação em engenharia (Cobenge 2021) e do 4º Simpósio internacional de educação em engenharia da Associação Brasileira de Educação em Engenharia (Abenge), marcados para o período de 28 a 30 de setembro na UFMG.

A cinco meses de sua realização, o congresso e o simpósio já movimentam a comunidade acadêmica dos vários campos da engenharia. O prazo de inscrição de trabalhos para sessões técnicas do congresso, que se encerraria no último fim de semana, foi prorrogado para 9 de maio. A inscrição de propostas de sessões dirigidas (conjunto temático de sessões técnicas) deverá ser feita no decorrer de junho, após o encerramento das inscrições para as sessões técnicas. Todas as informações relativas à submissão de trabalhos podem ser encontradas no site do evento.

Alessandro (direita): “tempo de aproximação entre os campi Pampulha e Montes Claros”. Na imagem, o vice-reitor e o diretor do ICA, Leonardo Davi Tuffi Santos, durante reunião em Montes Claros, realizada em 2019. Foto: Amanda Lelis | UFMG

Todos os anos o Cobenge – evento promovido pela Abenge e organizado em 2021 pela UFMG – mobiliza universidades, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea), o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), empresas, indústria e o Ministério da Educação em função de um tema relativo à educação em engenharia. Para este ano, em edição totalmente on-line, foi eleito o tema Formação em engenharia: tecnologia, inovação e sustentabilidade.

O vice-reitor Alessandro Fernandes Moreira, que dirigiu a Escola de Engenharia de 2014 a 2018 e é professor do Departamento de Engenharia Elétrica, é um dos coordenadores do Cobenge 2021. Ele destaca a importância de a UFMG sediar esta edição do evento, haja vista os avanços que a Universidade tem promovido no campo da educação em engenharia associados com as inovações pedagógicas definidas pelas novas Normas Gerais de Graduação, aprovadas em 2019 pela UFMG, que possibilitarão o desenvolvimento de projetos pedagógicos mais flexíveis, em consonância com as Diretrizes Curriculares Nacionais em Engenharia.

“Desde 2011, quando a Escola de Engenharia completou 100 anos de fundação, a UFMG vem desenvolvendo projetos de referência para educação em engenharia, como o Programa de Inovação para a Educação em Engenharia [Programa ENG200], que visa criar um ambiente favorável para mudanças no ensino de Engenharia, e, mais recentemente, o Grand Challenges Scholars Program (GCSP), vinculado à National Academy of Engineering dos Estados Unidos [que prepara engenheiros para enfrentar os grandes desafios globais da humanidade neste século]”, exemplifica o professor.

Alessandro Fernandes destaca, ainda, a importância da parceria com o Crea-MG na organização do Cobenge 2021, que possibilitará integração das instituições de ensino superior do estado de Minas Gerais, nas áreas de educação e atuação profissional em engenharia e agronomia. “Isso contribuirá para estabelecer elos com a indústria e o mercado de trabalho, impulsionando o desenvolvimento social e econômico do nosso estado”, projeta o vice-reitor.

Entrada no Instituto de Ciências Agrárias, em Montes Claros

Instituto de Ciências Agrárias, em Montes Claros, sedia três cursos de Engenharia da UFMG. Foto: Lucas Braga | UFMG

Integração em tempos virtuais
Além da Escola de Engenharia, que fica no campus Pampulha, em Belo Horizonte, a UFMG também mantém três cursos de engenharia no Instituto de Ciências Agrárias (ICA), em Montes Claros: Engenharia Agrícola e Ambiental, Engenharia Florestal e Engenharia de Alimentos. “O ICA também sedia o curso de Agronomia, que, do ponto de vista dos conselhos regionais, está alinhado aos cursos de engenharia. Há, portanto, uma grande conexão entre as unidades”, avalia o vice-reitor.

Segundo o professor Helder dos Anjos Augusto, vice-diretor do Instituto de Ciências Agrárias, a adoção de práticas virtualizadas nas rotinas acadêmicas da UFMG, demandadas pela atual pandemia, favoreceu o aprofundamento dessa conexão dos dois campi. “Na prática, houve uma redução da distância geográfica entre Belo Horizonte e Montes Claros e a abertura de uma janela de oportunidade para os cursos de engenharia do ICA”, analisa Helder dos Anjos.

A expectativa da diretoria do ICA é que o congresso possa ser o corolário desse envolvimento. “É um momento histórico, de fortalecimento das relações nas áreas de conhecimento e em áreas potenciais para os nossos cursos. A região do Norte de Minas sairá ganhando com esses aprendizados”, afirma o vice-diretor do ICA.

Helder dos Anjos projeta os ganhos dessa interação. “Essa aproximação vai estimular avanços, principalmente no campo da inteligência artificial aplicada à área agrícola, que é nossa base acadêmica. Estamos entrando em um [novo] patamar da robótica e da inteligência artificial. A adoção da Indústria 4.0 constitui para nós um salto qualitativo. E também nos ajudará na atualização dos conteúdos programáticos”, ele diz, tendo em vista a recente homologação das novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) de Engenharia.

Fachada do prédio da Escola de Engenharia, no campus Pampulha, sede do Programa

Escola de Engenharia, no campus Pampulha, sedia 11 cursos de graduação. Foto: Lucas Braga | UFMG

Diretrizes para uma formação atualizada

A edição 2021 do Cobenge ocorre na esteira da homologação das novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) de Engenharia, formalizada em 2019. Essas diretrizes definem as formas de organização dos cursos de graduação, o perfil e as competências esperadas dos seus egressos e os critérios de avaliação dos estudantes.

“Em abril de 2019, o Ministério da Educação (MEC) publicou as novas DCNs dos cursos de graduação em Engenharia, coincidindo com a expectativa e a necessidade de atualizar a formação no Brasil e visando atender as demandas futuras por mais e melhores engenheiros. Elas também têm como premissas elevar a qualidade do ensino, favorecer a flexibilidade na estruturação dos cursos e reduzir as taxas de evasão”, explica o professor Cícero Murta Diniz Starling, diretor da Escola de Engenharia. A Unidade, que completa 110 anos no próximo dia 21 de maio, desempenhou papel importante no debate dessas diretrizes.

Diante desse cenário, Cícero Starling avalia que a realização do Cobenge na UFMG é estratégica. “Teremos uma oportunidade ímpar de liderar a discussão e a reflexão sobre a implementação dessas novas diretrizes e sobre os impactos associados ao ensino remoto – tudo isso em um fórum extremamente qualificado, que contará com a participação de professores, estudantes, dirigentes e coordenadores de cursos de inúmeras instituições de ensino superior, representantes de empresas e profissionais de mercado também preocupados em repensar a educação e formação em engenharia”, explica o diretor.

A professora Andréia Bicalho Henriques, do Departamento de Engenharia de Minas da Escola de Engenharia, que integra as comissões organizadora e científica do evento, antecipa os principais eixos temáticos. “Vamos discutir, por exemplo, a formação de engenheiros diante dos grandes desafios do século 21, experiências e protagonismos estudantis e desafios das questões normativas para cursos de engenharia, como a incorporação de 10% da carga horária total do curso para ações de extensão com a implantação das novas DCNs”, exemplifica a professora.

Outros assuntos que também merecerão reflexões aprofundadas dos participantes, na avaliação de Andréia Bicalho, são inovação, transformação digital, sustentabilidade como conceito fundamental para projetos e soluções de engenharia, protagonismo das mulheres e a capacidade da área de responder a eventos inesperados, como a pandemia de covid-19.

[Texto: Ewerton Martins Ribeiro/Cedecom UFMG]