Dos 23 cursos avaliados, 19 receberam nota 5; sistema público federal concentra a excelência no país
Os resultados da edição 2019 do Exame Nacional de Desempenho, divulgados nesta terça-feira, dia 20, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), mostram que a UFMG alcançou nota máxima (5) em 19 dos 23 cursos, ou 82,6% do total; três conseguiram conceito Muito Bom (nota 4). Além disso, do total de cursos avaliados, 15 ainda melhoraram o seu desempenho em relação à avaliação anterior (2016/2017), dos quais sete (30% do total) subiram uma faixa no conceito: Agronomia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina, Odontologia e Tecnologia em Radiologia, que chegaram ao conceito 5. Zootecnia subiu para 4. Nenhum curso registrou queda de desempenho.
O desempenho dos estudantes da UFMG fica acima da média nacional em 22 das 23 carreiras avaliadas. A exceção é o curso de Engenharia de Alimentos, oferecido no Instituto de Ciências Agrárias (ICA), em Montes Claros, ainda em fase de consolidação – mesmo assim obteve o conceito de suficiência (3).
“É um resultado que nos enche de orgulho e se soma a todos os outros excelentes resultados que a UFMG tem alcançado nos últimos anos. No caso do Enade, a excelência nos cursos de graduação que oferecemos se sobressai, sobretudo quando nos damos conta de que 22 dos 23 cursos avaliados tiveram desempenho 4 ou 5, ou seja, muito bom ou excelente” , avalia a reitora Sandra Regina Goulart Almeida.
A reitora também lembra que apenas um desses cursos não tem desempenho superior à média brasileira. “Em todos os demais, nossos estudantes se destacam pelo desempenho na avaliação. Os dados comprovam que a UFMG se fortalece como instituição de excelência e de relevância, já que 56% de seus estudantes atualmente são provenientes de escolas públicas. A UFMG cumpre, assim, um importante papel na formação de pessoas com excelente qualificação, bem como na inclusão social”, argumenta a dirigente.
Excelência nas federais
Os dados divulgados pelo Inep, órgão do Ministério da Educação (MEC) responsável pela avaliação do sistema de ensino superior, corroboram: a maior parte da excelência no ensino superior brasileiro está no sistema federal, que concentra 67% das notas máximas obtidas pelos estudantes de todo o país. Universidades estaduais concentram outros 14,5% das notas máximas. As universidades federais respondem por menos de 5% dos conceitos 1 e 2, que representam risco de descredenciamento do curso. Já as instituições privadas têm quase 47% dos cursos avaliados com esses conceitos e apenas 1,4% avaliados com nota 5.
Na UFMG, a lista de cursos com nota máxima inclui, além dos já citados, Arquitetura e Urbanismo, Biomedicina, Enfermagem, Engenharia Civil, Engenharia de Produção, Engenharia Elétrica, Engenharia Mecânica, Engenharia Química, Medicina Veterinária, Educação Física (bacharelado), Farmácia e Nutrição. Os cursos de Engenharia de Controle e Automação, Engenharia Florestal e Zootecnia obtiveram nota 4. O curso de Engenharia de Alimentos foi avaliado com nota 3.
Bom desempenho é consequência
O sentimento é de satisfação e reconhecimento nos cursos de Medicina e Agronomia que, além de alcançarem nota 5, são as formações que mais se destacaram no Indicador de Diferença entre os Desempenhos Observado e Esperado (IDD), índice que traduz o quanto a instituição agrega ao estudante. Para a professora Taciana de Figueiredo Soares, coordenadora do curso de Medicina, esse resultado evidencia a consistência da formação oferecida na UFMG, “o que fortalece a percepção de que o nosso concluinte é um profissional de peso na sociedade, capaz de responder às demandas de saúde da população e aos desafios do país. Nosso curso realmente tem um impacto muito grande na formação dos futuros médicos”.
A evolução para o conceito 5, na avaliação da coordenadora, reflete o trabalho que o curso tem feito na discussão sobre como deve ser o ensino médico e o envolvimento e aproximação de docentes e servidores técnico-administrativos com os estudantes. “O curso de Medicina da UFMG sempre teve postura de vanguarda. Muito do que é praticado hoje em outras escolas – como a inserção do estudante na atenção primária – foi experimentado e defendido aqui. Agora, estamos envolvendo nossos estudantes na construção de estratégias para o curso de Medicina, desenvolvendo processos de formação continuada para os docentes e discentes. Acreditamos, portanto, que é o resultado de um esforço conjunto”, sustenta a professora.
Mais antigo curso do Instituto de Ciências Agrárias (ICA), em Montes Claros, no Norte de Minas, Agronomia vai celebrar seus 22 anos com nota 5 –resultado inédito em sua trajetória – e o reconhecimento da excelência. No entendimento do seu coordenador, professor Paulo Sérgio Nascimento Lopes, a conquista é fruto do processo de amadurecimento e consolidação do curso. “Toda a unidade, servidores técnico-administrativos e docentes, vem ano a ano se esforçando para melhorar a qualidade de ensino, investindo também em pesquisa e extensão. Os alunos também estão encarando cada vez mais a importância de participar de projetos para a qualificação. O resultado é o bom aproveitamento e a qualidade”, avalia.
A reitora Sandra Goulart Almeida destaca que alcançar a excelência é processo que exige tempo, como evidenciam os casos dos cursos de Agronomia e de Zootecnia – este melhorou seu desempenho de 3 para 4. “Estamos fazendo investimentos em todos os cursos, todos eles têm docentes e servidores técnico-administrativos extremamente dedicados. Mas a excelência depende também da consistência e da continuidade de investimentos. A maior parte dos cursos que ainda não são nota 5 na UFMG estão em consolidação, pois foram criados durante Reuni, ou seja, depois do Programa de Reestruturação do Ensino Superior, iniciado na década de 2000. Nesse sentido, é imprescindível recuperar a capacidade do orçamento das universidades federais que, mais uma vez, mostram que são a excelência do ensino superior do país e, portanto, um patrimônio da nação”, defende.