UFMG | Campos Montes Claros
Home » Notícias » Cinética do comportamento alimentar de suínos é monitorada em pesquisas
01 / ago / 2018
Cinética do comportamento alimentar de suínos é monitorada em pesquisas

A granja de suínos da universidade é a primeira na América Latina a implantar tecnologia que armazena dados de fêmeas em fase de maternidade

Na Fazenda Experimental, há oito celas parideiras equipadas com o sistema . Foto; Amanda Lelis/UFMG

Como saber as necessidades nutricionais de cada fêmea de suíno em período de maternidade? A literatura apresenta dados gerais sobre algumas raças, mas ainda é carente de informações específicas sobre a distribuição do consumo alimentar ao longo do dia ou sobre a interferência ambiental e climática no comportamento alimentar dos animais. A partir deste semestre, as fêmeas da granja de suínos da Fazenda Experimental Professor Hamilton de Abreu Navarro, no campus do Instituto de Ciências Agrárias (ICA), serão monitoradas durante 24 horas, a fim de preencher esta lacuna científica. Isso será possível em função de um novo equipamento instalado no espaço, que coleta diariamente dados de cada animal.

A universidade é a primeira granja de suínos da América Latina a implantar a tecnologia. De acordo com Bruno Silva, professor de nutrição e produção de suínos no ICA e coordenador da granja, a instalação dos equipamentos abre a oportunidade de desenvolvimento de novos projetos de pesquisa, além de permitir a melhoria do bem-estar dos animais, com a oferta de alimentação planejada individualmente, de acordo com a demanda de cada animal.

O sistema é um comedouro automatizado interligado a um software, que armazena dados sobre a alimentação dos animais. “O que nós tentamos buscar com esse sistema é entender a cinética de comportamento associada com mudanças fisiológicas e metabólicas. Se eu sei que a fêmea se comporta de determinada forma nessa condição ambiental, através do que o sistema computadorizado está me dizendo, eu consigo traçar uma estratégia de alimentação para o produtor trabalhar com este animal na granja com mais eficiência”, explicou o Professor Bruno.

Na granja da Fazenda Experimental do campus, há oito celas parideiras equipadas com o sistema, todas elas estão com animais sendo monitorados atualmente. A proposta é que, a partir da implementação da tecnologia, as informações de cada animal sejam registradas continuamente, a cada de ciclo de produção na maternidade.

Por meio dos equipamentos, implantados com apoio da iniciativa privada, são coletados dados como o volume total de ração ingerida, o tipo de ração que a fêmea comeu, os horários da alimentação, o quantitativo em gramas ingerido a cada visita ao comedouro, entre outros. As informações são armazenadas num software no computador da equipe de trabalho e gera uma série de relatórios que irão subsidiar pesquisas científicas. Os dados possibilitam trabalhar individualmente cada animal, com base na necessidade identificada.

O professor destaca que um dos pontos diferenciais das pesquisas será trabalhar com raças nativas, além daquelas já utilizadas comercialmente. No espaço, é criada uma raça nativa, a raça Piau. “Vamos poder desenvolver informações inovadoras para essa raça nativa, que há pouca ou nenhuma informação em literatura sobre seu comportamento alimentar. O objetivo final é gerar dados novos, nas condições ambientais que temos de clima tropical, e possibilitar desenvolver estratégias nutricionais para os produtores”, enfatizou o Professor Bruno.

Atualmente, a maternidade já é monitorada por câmeras para pesquisas de comportamento alimentar. O novo equipamento possibilita ampliar os estudos. “Monitoramos as fêmeas 24h por dia. Na câmera, vimos que ela comia, mas não sabemos o perfil de consumo dela. Por exemplo, a correlação da hora do dia que ela prefere comer com a velocidade de consumo, quanto ela come por vez”, disse Bruno.

Paralelo ao monitoramento do comportamento animal, também estão sendo pesquisadas estratégias nutricionais para melhorar o consumo alimentar dos animais. “Por exemplo, se o computador me diz que a fêmea consome somente de manhã e de tarde por causa do clima, será que se modificarmos a composição da dieta para reduzir o efeito termogênico do alimento ou usar um aditivo palatabilizante, conseguimos mudar este perfil? ”, exemplifica professor.

A Fazenda Experimental é um órgão complementar do Instituto de Ciências Agrárias, onde são realizadas atividades de ensino, pesquisa e extensão, além de propiciar oportunidades de estágios aos estudantes da Universidade.