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03 / jun / 2022
3º Seminário de Frutos do Cerrado reúne agroextrativistas, estudantes e profissionais de diversas áreas no ICA

O uso de frutos do cerrado na culinária foi o tema central desta edição do evento

Alguns dos produtos à base de frutos do cerrado expostos durante o seminário (Ana Cláudia Mendes/UFMG)

Segundo maior bioma da América do Sul, o Cerrado abriga milhares de espécies de animais e plantas que só existem nessa região. São mais de 14 milhões de pessoas que vivem nesta área, muitas das quais dependem da agricultura e da pecuária para sobreviver e ajudar a economia a crescer. Somente no Norte de Minas, cerca de 60 mil famílias vivem do agroextrativismo.
Todo o potencial dos frutos deste bioma na gastronomia foi abordado durante a terceira edição do Seminário de Frutos do Cerrado, realizado no campus do Instituto de Ciências Agrárias da UFMG em parceria com a Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e Funorte. “A proposta [de abordar este tema] surgiu durante o segundo seminário. Ao final do seminário a gente fez uma discussão com a comunidade, os agricultores extrativistas que estavam aqui. Então, surgiu a ideia de fazer um seminário dedicado à questão da cultura, da gastronomia, da alimentação escolar também, olhar para a outra ponta da cadeia”, afirma o professor do curso de Engenharia de Alimentos e coordenador do evento, Fausto Makishi.
A programação se estendeu por todo o dia. Pela manhã, foi realizada uma mesa redonda com moderação da chef Bernadete Guimarães sobre o uso de frutos do cerrado na gastronomia.
O designer e comunicador Marcelo Podestá falou sobre os trabalhos desenvolvidos com o SlowFood em Belo Horizonte, uma comunidade que promove a cultura dos alimentos agroecológicos locais e a biodiversidade mineira.

 

Segundo o professor Fausto Makishi, o objetivo do seminário é reconhecer e valorizar a cultura sertaneja. (Ana Cláudia Mendes/UFMG)

A professora da Universidade Federal do Tocantins, Thamirys Andrade, falou sobre o projeto de extensão GOsTO Cerrado, responsável pelo Festival Gastronômico de Arraias.
A agroextrativista de Januária, Vicentina Bispo, falou sobre a linha de produtos desenvolvidos por ela que vão desde a farinha de pequi a barrinhas de cerais com insumos do cerrado.
À tarde, foi realizada mais uma mesa redonda, desta vez com o tema “Produtos do Cerrado: Do local para o mundo”. Foram abordados temas como a inclusão de frutos do cerrado na alimentação escolar e a importância do marketing digital para dar visibilidade aos produtos da sociobiodiversidade.

Seminário reuniu agroextrativistas, estudantes e profissionais de diversas áreas. (Ana Cláudia Mendes/UFMG)

Em seguida, os participantes puderam aprender na prática receitas com frutos do cerrado em duas aulas show realizadas no campus. Vicentina Bispo ensinou como fazer barrinhas de cerais, além da farinha ela usou a castanha do pequi. “Eu fiz uma mistura da castanha, da farinha do pequi, da farinha do jatobá, gergelim, açúcar mascavo, linhaça e mel”, contou.
A nutricionista Gislene Ribeiro provou a barra de cereal e aprovou. “Quando ela falou, eu já fiquei com uma curiosidade muito aguçada para poder experimentar, é uma delícia”, garante.

Agroextrativista de Januária, Vicentina Bispo apresentou receita de barra de cerais à base de farinha e castanha de pequi. (Ana Cláudia Mendes/UFMG)

Além de ensinar a fazer cookies de baru e croquete de frango com molho de pequi, a professora da UFT, Thamirys Andrade, ensinou como produzir extrato de baunilha e a aromatização de cachaças. A ideia é fazer com que as pessoas utilizem cada vez mais os frutos do cerrado no prato, porque utilizando os frutos do cerrado no prato a gente passa a valorizar o cerrado. Se a gente valoriza o cerrado, a gente valoriza o nosso território, o nosso habitat e também os povos que dele vivem e que mantem esse cerrado de pé”, afirma.

A professora Thamirys Andrade, da UFT, ensinou receitas de cookie de baru e croquete de frango com molho de pequi. (Ana Cláudia Mendes/UFMG)

Diversidade de possibilidades que impressionou até mesmo quem se dedica à area, como a estudante do décimo período do curso de Engenharia de Alimentos, Stefany Silveira. “O que mais me surpreendeu aqui, foi a amplitude que a gente tem dentro do cerrado. A gente conhece os básicos: coquinho, pequi… Mas a macaúba que a gente conheceu aqui, o uso dessa castanha do pequi, eu nunca tinha ouvido falar dessa aplicabilidade. É uma coisa tão gostosa e tão boa pra nossa saúde, tão nutritivo, que é importante a gente aprofundar mais, ir mais à fundo sobre esses produtos”, explicou a acadêmica.
O seminário foi realizado de forma híbrida, com transmissão ao vivo pelo canal da Codevasf na internet. Tudo o que aconteceu no evento está disponível no canal da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e Parnaíba.

(Ana Cláudia Mendes/UFMG)